A língua é diversificada como os falantes. Pra satisfazer a gregos, troianos e baianos, criou formas de nomes compostos. O plural depende da formação de cada uma delas. Desvendado o mistério, adeus, dúvida.
Um
Não varia o substantivo formado por palavras invariáveis ou o que tiver o último elemento já no plural: os leva e traz, os diz que diz, os faz de conta, os bota-fora, os topa-tudo, os ganha-perde, os pisa-mansinho, os saca-rolhas, os salva-vidas.
Dois
Só o primeiro elemento vai para o plural se preposição ligar as palavras: pés de moleque, pernas de pau, joões-de-barro, mulas sem cabeça, câmaras de ar, pães de ló, fogões a gás, estrelas-do-mar.
Quando o segundo elemento estiver no plural, mantém-se o plural dele e flexiona-se o primeiro se for flexionável: mestres de obras.
Três
Ambos os elementos vão para o plural se os dois forem variáveis: cirurgiões-dentistas (ou cirurgiães-dentistas), tenentes-coronéis, águas-fortes, barrigas-verdes, cartões-postais, altos-relevos, más-línguas, baixos-relevos, redatores-chefes, segundas-feiras, primeiros-ministros, pesos-penas, meios-termos, os surdos-mudos.
Quatro
Se, havendo dois substantivos, o segundo der ideia de finalidade, semelhança ou limitar o primeiro, impera a dose dupla – flexiona-se o primeiro ou os dois. É acertar ou acertar: vale-transporte (vales-transporte, vales-transportes), vale-refeição (vales-refeição, vales-refeições), pombos-correio (pombos-correio, pombos-correios), salário-família (salários-família, salários-famílias), caneta-tinteiro (canetas-tinteiro, canetas-tinteiros), café-concerto (cafés-concerto, cafés-concertos), papel-moeda (papéis-moeda, papéis-moedas), peixe-espada (peixes-espada, peixes-espadas), carro-bomba (carros-bomba, carros-bombas), postos-chave (postos-chave, postos-chaves), elemento-surpresa (elementos-surpresa, elementos-surpresas), país-símbolo (países-símbolo, países-símbolos), decreto-lei (decretos-lei, decretos-leis), homem-rã (homens-rã, homens-rãs).
Olho vivo
Na nossa linguinha de todos os dias, qualquer palavra pode virar substantivo. Vestir, por exemplo, é verbo (eu visto, ele veste). Mas, se antecedido de artigo, pronome ou numeral, vira substantivo (o vestir, aquele vestir, dois vestires). É o que se chama de derivação imprópria.
Na substantivação do adjetivo composto, observa-se a regra do adjetivo composto – só o segundo se flexiona: os ibero-americanos, os nipo-brasileiros, os social-democratas, os liberal-socialistas, os maníaco-depressivos.
Cinco
Só o último elemento vai para o plural em três casos:
se apenas o primeiro for invariável: arranha-céus, guarda-roupas, beija-flores, vice-governadores, sempre-vivas, vira-latas, abaixo-assinados, caça-níqueis, ave-marias, salve-rainhas, alto-falantes, mal-humorados, recém-nascidos, ex-namorados;
se o substantivo for formado por elementos onomatopaicos ou palavra repetida: bem-te-vis, tico-ticos, reco-recos, quero-queros, quebra-quebras, tique-taques;
se primeiro elemento for redução de um adjetivo: bel-prazer (bel-prazeres), grã-duquesa (grã-duquesas), grão-mestre (grão-mestres), grã-fino (grã-finos).
Os elitistas
Cuidados com os rebeldes. Os arco-íris, os bem-te-vis, os mapas-múndi não se enquadram em nenhuma regra.