sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Cíntia Chagas e Duda - Alfinetadas da Cíntia

 Toda terça, na nossa Terça Nobre, é dia da série Português Sistematizado.

Quando antes do verbo houver uma preposição, usa-se o infinitivo. Quando antes do verbo houver uma conjunção ou o pronome quem, usa-se o futuro do subjuntivo: para eu vir / quando eu vier.

O substantivo 'preconceito' exige a preposição 'contra' e não 'com'.

'Coco', no sentido de fruta do coqueiro, não possui acento na primeira sílaba. O 'cocô', designação informal para fezes, possui acento na última sílaba.

Embora consagrada, evite-se a expressão antes de mais nada, preferindo-se antes de tudo ou antes de qualquer coisa, ou em primeiro lugar. O mesmo ocorre com o polêmico 'primeiramente', advérbios terminados em mente são derivados de adjetivos. Primeiro é um numeral e não forma advérbio. Se existisse o primeiramente, também existiria o segundamente, terceiramente, etcmente, mas não existe.

Só se pode dar um único complemento a verbos de regências iguais. Se os verbos tiverem regências diferentes, cada verbo deve ter seu complemento.

Usa-se 'este' para o tempo presente, 'esse' para o tempo passado próximo ou futuro e 'aquele' para o tempo muito distante.

Como cabeleireiro não vem de cabelo, mas sim de cabeleira, não existe a forma 'cabelereiro'.

'Afim' significa semelhante, parente por afinidade ou função matemática, e 'a fim de' denota finalidade.

Embora comum na linguagem popular, e até por escritores de renome, evite a expressão 'por causa que'. Prefira a locução prepositiva 'por causa de' ou a conjunção 'porque'.

O correto é privilégio e não 'previlégio'. Esse erro ocorre por associação com palavras que iniciam com 'pre', e este elemento funciona como prefixo.

'Olhar para ver' é um pleonasmo, assim como 'prefeitura municipal', 'segredo secreto', 'sorriso nos lábios', 'encarar de frente', 'canja de galinha', 'manter o mesmo', 'elo de ligação', 'criar novos empregos', 'consenso geral', 'certeza absoluta', 'goteira no teto', 'detalhes minuciosos', 'na minha opinião pessoal', 'outra alternativa', 'surpresa inesperada', 'ver com os próprios olhos', 'almirante da Marinha', 'brigadeiro da Aeronáutica', 'conviver junto', 'despesas com gastos', 'estrelas no céu', 'ganhar grátis', 'exultar de alegria', 'hábitat natural', 'monopólio exclusivo', 'países do mundo', 'regra geral', 'todos foram unânimes', 'viúva do falecido', 'conclusão final', 'enfrentar de frente', 'países do mundo'.

Ré para trás é pleonasmo vicioso, pois não se dá ré para frente.

Certeza absoluta é pleonasmo, pois se for relativa, será dúvida.

Junto com e juntamente com são pleonasmos viciosos, basta usar apenas 'com' ou 'juntamente'.

Embora se defenda que o correto é 'risco de morte' e não 'risco de vida', pois risco, possibilidade e probabilidade são palavras de conotação negativa, e para algo positivo, deve-se preferir chance ou oportunidade, a expressão 'risco de vida' está consagrada pelo uso, devido à elipse do verbo 'perder': risco de perder a vida.

Quando se conversa com uma pessoa via telefone, você não está 'no telefone', porque é impossível entrar no celular, e sim 'ao telefone', porque está junto deste.

Grama, quando se refere à unidade de massa, é um substantivo masculino. Porém, quando se refere à vegetação, é um substantivo feminino.

Namorar ou é transitivo direto ou intransitivo, mas nunca transitivo indireto, por mais que seja semelhante aos verbos casar e noivar: Joana namora Antônio. / Pedro aos 15 anos já namorava.

Não confunda fragrante (perfumado, aromático, do mesmo radical de fragrância) com flagrante (evidente, incontestável, notório). Eu fui pego em flagrante ontem, mas vou passar perfume para ficar fragrante.

Não se usa a preposição 'de' antes das palavras maior e menor para expressar a idade. Ou se usa 'maior de idade' e 'menor de idade', ou, mais conciso ainda, 'maior' e 'menor': Somente maiores de idade podem comprar bebidas alcoólicas. / Ela não pode participar do show porque é menor.

Não se diz 'sombrancelha', e sim sobrancelha, pois a palavra deriva de sobre, e não de sombra.

A mulher é pão-duro, e não 'pão-dura'. Duro é o pão, e não a mulher. Pão duro, sem hífen, é o pão envelhecido. Com hífen, é uma pessoa avarenta. O mesmo ocorre em outros casos: cara-suja (espécie de periquito) e cara suja (rosto sujo) / copo-de-leite (flor) e copo de leite (copo com leite) / meio-dia (hora exata: 12h) e meio dia (metade do dia) / mesa-redonda (reunião) e mesa redonda (mesa de formato circular) / fio-dental (parte inferior do biquíni que deixa as nádegas totalmente descobertas) / lugar-comum (frase feita, expressão muito repetida, clichê) e lugar comum (substantivo lugar qualificado pelo adjetivo comum) / cachorro-quente (sanduíche) e cachorro quente (animal que está aquecido)

'Novo lançamento' é um pleonasmo vicioso, pois não existem lançamentos antigos.

Quando um verbo ou nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) exigir uma preposição, e se esta estiver em uma oração subordinada adjetiva (restritiva ou explicativa), esta se desloca para antes do pronome relativo.

Não existe a forma 'conhecidência', o correto é coincidência, não tem relação com conhecer ou conhecimento. O substantivo é derivado do verbo coincidir.

Pronomes pessoais retos funcionam como sujeito, predicativo do sujeito, aposto ou vocativo, esse último com tu e vós. Pronomes pessoais oblíquos exercem as seguintes funções:

quando átonos - objeto direto, objeto indireto, adjunto adnominal, complemento nominal ou sujeito de infinitivo, com verbo causativo ou sensitivo

quando tônicos - objeto direto preposicionado, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva ou adjunto adverbial

Não se usa o hífen nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuntivas, com exceção daquelas já consagradas pelo uso, com significado próprio: água-de-colônia (perfume), arco-da-velha (ultrapassado), cor-de-rosa (rosado), mais-que-perfeito (tempo verbal), pé-de-meia (economias), ao deus-dará (ao acaso, por sorte), à queima-roupa (de repente, imediatamente).

Os verbos lembrar, esquecer, recordar e admirar podem ser transitivos diretos, quando não pronominais ou transitivos indiretos, regendo a preposição de, quando pronominais, sem alteração de sentido.

Com nós deve ser usado apenas quando houver as palavras mesmos, próprios, todos, outros, ambos, numeral ou oração subordinada adjetiva. Quando não houver nenhuma palavra que faça referência ou reforce o sentido do pronome nós, usa-se conosco.

Não ocorre crase antes de palavras masculinas, a menos que esteja implícita a locução prepositiva 'à moda de': Elaboramos a redação à Machado de Assis (José de Alencar, Fernando Pessoa, Dior, etc.)

Gratuito e intuito, são trissílabos. Erradamente se transforma o ditongo em um hiato, e um trissílabo em um polissílabo, ou seja, pronunciando as vogais não na mesma sílaba, mas de forma separada. Pronunciam-se como circuito. Isto é, não é gratuíto nem intuíto.

É comum a confusão na escrita entre palavras com ex- (como extravagante, experiência, extrovertido, excerto, explicativo) e es- (como espontâneo, esclarecer, estudantil, especial, específico)

Verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais apenas em sentido literal, ou seja, o sujeito é inexistente. Quando usados em sentido figurado, apresentam sujeito. Atenção para não confundir com o objeto direto, porque esses são intransitivos, e não transitivos diretos.

'Exagerar muito' é pleonasmo vicioso, não se exagera pouco. Exagerar já pressupõe a ideia de exceder.

Extra como adjetivo, sendo a abreviação de extraordinário, deve concordar com o substantivo: edições extras, plantões extras. Como prefixo, é invariável: extrajudiciais, extracurriculares, extraconjugais.

Mau humor se escreve com U e sem hífen. Entretanto, mal-humorado se escreve com L e com hífen. O advérbio 'mal' exige o hífen antes de palavra iniciada por vogal, H ou L. Nos demais casos, não há hífen. Quando é substantivo, 'mal' sempre exige o hífen, exceto em compostos formados por elementos de ligação.

Independente é adjetivo, devendo ser usado para qualificar um substantivo ou pronome: governo independente, país independente. Independentemente é um advérbio, devendo ser usado para modificar um verbo ou uma oração inteira: Independentemente das condições climáticas, sairei à noite.

'A partir de' é separado, e não junto, como fazem os vendedores. E sem crase, pois não existe crase antes de verbo no infinitivo.

'Em domicílio' é usado com verbos que denotam permanência, os chamados verbos estáticos, como levar, entregar, fazer e dar. 'A domicílio' é usado com verbos que indicam movimento, os chamados verbos cinemáticos ou dinâmicos, como ir, chegar, trazer, conduzir, levar e dirigir-se.

Junto a e junto de devem ser usados apenas no sentido de 'ao lado de', 'perto de', 'adido a' (adicionado ou incorporado). Não substituem outras preposições: um processo não dá entrada junto ao tribunal, e sim no tribunal. Junto com e juntamente com são pleonasmos viciosos, basta usar apenas com.

'Ambos os dois', embora antigamente seja considerado um pleonasmo, atualmente é considerado como construção enfática, admitida apenas no estilo solene, indicando afetação ou artificialismo. Seu uso é correto. Se acompanhado de substantivo, o artigo é de rigor. Se acompanhado de verbo, o artigo é proibido.

Aficionado tem a ver com ofício, e não com ficção, portanto, não existe a grafia aficcionado, devendo ser pronunciada com som de ss, como em próximo, e não cs, como em táxi. Ou seja, significa fã, admirador, entusiasta, amante, curioso. Rege a preposição por, e não 'em'. A pessoa aficionada cultiva uma arte como se essa fosse seu trabalho, sua profissão. A mesma pronúncia vale para acessível, não existe preço accessível. A palavra vem de acesso, quando um preço está acessível, todos tem mais acesso àquele produto.

Trazer, assim como chegar, empregar e encarregar, não são verbos abundantes, não possuem duas formas de particípio: o regular e o irregular. Possuem apenas o particípio regular: trazido, chegado, empregue e encarregue. As formas trago e chego só existem na 1ª pessoa do singular no presente do indicativo de chegar, trazer e tragar. As formas empregue e encarregue só existem na 1ª ou 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo ou na 3ª pessoa do singular do imperativo afirmativo ou negativo. Surgiram como particípio irregular por influência do verbo entregar, que possui os particípios entregado e entregue.

Ambas as formas são corretas: garage é a forma original da palavra em francês, sendo um estrangeirismo na língua portuguesa e garagem é a forma aportuguesada da palavra. Em documentos oficiais, artigos científicos e redações, estrangeirismos são admitidos apenas quando não há correspondente em português ou quando este é pouco usado. Em um estacionamento, quando você vir 'favor não estacione. garage - sujeito a guincho', diga: 'não vejo nenhuma garagem. então, pode estacionar'

Sempre ocorre crase nas locuções adverbiais formadas por palavras femininas, sejam elas prepositivas, conjuntivas ou adverbiais, exceto nos adjuntos adverbiais de meio ou instrumento, a menos que cause ambiguidade

'Ao invés de' significa ao contrário de, e deve ser usado quando houver a ideia de oposição. 'Em vez de' significa em lugar de, e deve ser usado quando houver a ideia de substituição ou troca.

Freada, apesar de vir de freio e ser do mesmo campo semântico, não apresenta a letra i. Verbos terminados em ear só formam o ditongo ei nas formas rizotônicas, aquelas em que o acento tônico recai no radical. Nas formas arrizotônicas, aquelas em que o acento tônico recai na desinência, esse ditongo desaparece. Só existe um verbo terminado em eiar: veiar (formar riscas ou estrias). O substantivo receio é escrito com i, mas o adjetivo receoso e o verbo recear se escrevem sem i. O substantivo estreia é escrito com i, mas o adjetivo estreante e o verbo estrear se escrevem sem i.

Abaixo é usado com diferentes acepções: como advérbio - em posição inferior, em lugar menos elevado, em situação de menor importância ou como interjeição - expressando protesto e reprovação. A baixo é uma expressão formada pela preposição e pelo substantivo ou adjetivo baixo, estabelece relação com as expressões 'de alto' ou 'de cima'.

'Surpresa inesperada' é um pleonasmo vicioso, porque, se for esperada, será uma previsão.

'Casar-se' é verbo pronominal. O padre casa os noivos, mas os noivos se casam. Da mesma forma, o INSS aposenta o trabalhador, mas o trabalhador se aposenta, a universidade forma o aluno, mas o aluno se forma, o calor derrete o sorvete, mas o sorvete se derrete, o palhaço distrai o público, mas o público se distrai, o líder esvazia a sessão, mas a sessão se esvazia, o apresentador encerra o programa, mas o programa se encerra.

Dó, seja o sentimento de pesar, luto ou tristeza ou a primeira nota da escala musical, é um substantivo masculino. O erro ocorre por associação com seus sinônimos, como pena, compaixão, lástima e piedade, que são substantivos femininos.

Na língua popular, e até por escritores de renome, é comum a preposição desaparecer antes do pronome relativo, em casos de regência verbal ou nominal. Na norma culta, a preposição, se, realmente existir, deve ser colocada antes dele.

Agente (junto): agente funerário, agente penitenciário, agente de saúde, agente de viagem, agente da passiva, agente de trânsito / a gente (separado): a gente vai, a gente pode, a gente sabe, a gente quer, a gente espera

Agente = gestor, negociador, intermediário, espião, policial, causador, promotor

A gente = locução pronominal equivalente ao pronome pessoal nós, apesar da ideia de coletividade, deve ser usada com o verbo na 3ª pessoa do singular e não na 1ª pessoa do plural. A lógica da língua portuguesa não é a mesma da matemática. Ainda que, segundo a matemática, a gente signifique duas, três, quatro, cinco pessoas etc., concordância verbal se faz com o termo, e não com a ideia, exceto nos casos de silepse.

Cor-de-rosa é uma locução consagrada pelo uso, com significado próprio, por isso, o hífen está presente.

De acordo com a norma culta da língua, o verbo ir estabelece regência verbal com a preposição a quando transmite o sentido de se deslocar para algum lugar, tendo pouca permanência no local a que se vai

Apesar disso, em linguagem coloquial e na literatura moderna é usada predominantemente a preposição em. Esse uso é, contudo, considerado errado segundo as regras gramaticais. A preposição em, tendo sua origem na preposição latina in, indica um movimento para dentro. Assim, não deverá ser usada com verbos de movimentos, mas sim com verbos de posição, indicando que quem está, está em algum lugar. Logo, 'ir na missa' subentende-se a ideia de morar ou trabalhar.

Os verbos mediar, ansiar, remediar, intermediar, incendiar e odiar, que formam o grupo MARIO, são irregulares, ou seja, formam o ditongo EI nas formas rizotônicas (aquelas em que a sílaba tônica está no radical). Os demais verbos terminados em IAR, como anunciar, copiar, denunciar, renunciar etc., são regulares.

Há é um verbo impessoal que indica tempo passado, existência ou acontecimento de algo. A é uma preposição, usada para indicar tempo futuro ou distância. 

Usa-se o X após o grupo inicial ME ou MI, com exceção da palavra mecha: mexer, mexerica, México, mexilhão, mixaria etc.

Sentar à mesa é o mesmo que sentar próximo a ela, já sentar na mesa supõe a ideia de sentar em cima dela. Sem crase, 'sentar a mesa' é o mesmo que fixar. Pense no pedreiro, que fixa os tijolos. No primeiro caso, 'sentar' é verbo intransitivo e 'à mesa' é um adjunto adverbial de lugar. No segundo caso, 'sentar' é verbo transitivo direto e 'a mesa' é um objeto direto.

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