Os pronomes são uma classe gramatical variável que se subdivide em pessoais retos e oblíquos, de tratamento, demonstrativos, possessivos, relativos, indefinidos e interrogativos, além dos pronomes reflexivos e recíprocos.
Pronome é uma classe de palavras variável cuja finalidade é substituir, retomar ou determinar (acompanhar) um substantivo. Eles se classificam em razão dessas funções. Aquele que substitui o nome é chamado de pronome substantivo, e o que o determina (acompanha) é o pronome adjetivo. Além disso, são subclassificados em pessoais do caso reto, pessoais oblíquos tônicos e átonos, de tratamento, relativos, possessivos, demonstrativos, indefinidos e interrogativos.
Pronomes substantivos x pronomes adjetivos
Os pronomes substantivos, ao substituir o substantivo, exercem a mesma função sintática que este exerceria (núcleo do sujeito, do objeto direto ou indireto, do complemento nominal etc.). Veja:
“João passou no vestibular.” (“João” é núcleo do sujeito)
“Ele passou no vestibular.” (ao substituir “João” pelo pronome reto “ele”, este passa a ser núcleo do sujeito)
“Gosto de João.” (“João” é núcleo do objeto indireto)
“Gosto dele.” (ao substituir “João” pelo pronome oblíquo tônico “ele”, este passa a ser núcleo do objeto indireto)
Os pronomes adjetivos vêm sempre juntos ao substantivo a que se referem, por isso sempre exercem função sintática de adjunto adnominal. Veja:
“Meus livros sumiram.” (o pronome possessivo “meus” é um pronome adjetivo e exerce função de adjunto adnominal do núcleo do sujeito “livros”)
“Assisti a este filme.” (o pronome demonstrativo “este” é um pronome adjetivo e exerce função de adjunto adnominal do núcleo do objeto indireto “filme”)
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Classificação dos pronomes
Pronomes pessoais
São os pronomes que determinam a flexão de pessoa da oração.
1º pessoa: o ser que se manifesta (fala) no processo comunicativo; o falante.
2º pessoa: o ser que recebe a mensagem e decodifica-a; o interlocutor.
3º pessoa: o ser sobre o qual se fala no processo comunicativo; o referente.
Eles se subdividem em pronomes pessoais do caso reto e em pronomes oblíquos átonos e tônicos. Veja:
⇒ Caso reto: são os pronomes pessoais que sempre exercem função de sujeito, predicativo do sujeito, aposto ou vocativo da oração, esse último com tu e vós (nunca exercem função de complemento). São eles:
1º pessoa do singular: EU
2º pessoa do singular: TU
3º pessoa do singular: ELE/ELA
1º pessoa do plural: NÓS
2º pessoa do plural: VÓS
3º pessoa do plural: ELES/ELAS
Exemplos:
Eu corri durante uma hora.
Tu correste durante uma hora.
Ele correu durante uma hora.
Nos exemplos acima, os pronomes eu, tu e ele exercem a função sintática de sujeito do verbo correr, o qual deve concordar em número e pessoa com seus sujeitos.
Assim sendo, construções como “eu vi ele” são equivocadas, visto que o pronome pessoal reto está sendo usado como objeto direto do verbo “ver”. Os pronomes retos jamais exercem função de objeto, sempre de sujeito.
⇒ Oblíquos átonos: todos os pronomes oblíquos exercem função de complemento ou adjunto (objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adnominal, adjunto adverbial), e, eventualmente, sujeito de verbo no infinitivo. Diferenciam-se dos tônicos, pois estes são sempre preposicionados e não se prendem ao verbo pela colocação pronominal (próclise, mesóclise e ênclise). São eles:
1º pessoa do singular: ME
2º pessoa do singular: TE
3º pessoa do singular: SE/O/A/LHE
1º pessoa do plural: NOS
2º pessoa do plural: VOS
3º pessoa do plural: SE/OS/AS/LHES
Exemplos:
“Deram-me o recado.” – O pronome em destaque é objeto indireto do verbo dar.
“Viram-me no estádio.” – O pronome em destaque é objeto direto do verbo ver.
-O, -A, -OS, -AS X -LHE, -LHES
Os demais pronomes oblíquos átonos podem exercer função de objeto direto ou indireto, indiscriminadamente, porém os pronomes -O,-A e suas variantes só podem exercer função de objeto direto, enquanto -lhe só pode exercer função de objeto indireto.
Exemplos:
”Eu a amo.” – O verbo amar é transitivo direto e o pronome a exerce função de objeto direto.
“Eu lhe falei a verdade.” – O verbo falar é transitivo direto e indireto. Vale dizer que “a verdade” é objeto direto e que lhe é objeto indireto.
Seria um erro gramatical grave inverter o uso desses pronomes em um texto formal.
Leia também: Como evitar dez erros comuns de português
⇒ Oblíquos tônicos: assim como os átonos, exercem função de complementos ou adjuntos, mas jamais de sujeito. Possuem posição livre na oração, por isso não se prendem ao verbo pela colocação pronominal. São eles:
1º pessoa do singular: MIM
2º pessoa do singular: TI
3º pessoa do singular: SI/ELE/ELA
1º pessoa do plural: NOS
2º pessoa do plural: VOS
3º pessoa do plural: SI/ELE/ELA
Veja:
“Gosto dele.”
“Falaram a verdade a mim.”
“Entregaram a encomenda a ti.”
Nos exemplos acima, os pronomes oblíquos tônicos em destaque exercem função de objeto indireto de seus respectivos verbos e estão todos preposicionados.
PARA MIM OU PARA EU?
- Se o pronome exerce a função de sujeito do verbo (no infinitivo), usa-se “para eu”.
“Trouxe o livro para eu estudar” – O pronome reto eu é sujeito do infinitivo estudar.
Nesse caso, nada de “Trouxe o livro para mim estudar”, pois mim é pronome oblíquo, por isso não exerce função de sujeito.
- Se o pronome não exerce função de sujeito (é complemento), usa-se “para mim”.
Em suma: Mim não é sujeito. Só na língua dos índios, que, aliás, não é português: mim trabalha, mim caça, mim pesca.
“Trouxeram este presente para mim.” – Nesse caso, mim é preposicionado e exerce função de objeto indireto do verbo trouxeram.
Pronomes possessivos
Estabelecem relação de posse entre um objeto e uma das três pessoas do discurso. São eles:
meu(s), minha(s)
teu(s), tua(s)
seu(s), sua(s)
/ dele(s), dela(s)
nosso(s), nossa(s)
vosso(s), vossa(s)
seu(s), sua(s)
/ dele(s), dela(s)
Pronomes relativos
Os pronomes relativos, ao mesmo tempo, retomam o nome imediatamente anterior e substituem-no dentro de uma oração subordinada adjetiva (uma oração que “caracteriza”, “define”, “particulariza” esse nome).
São exemplos de pronomes relativos: QUE, O QUAL, A QUAL, OS QUAIS, AS QUAIS; QUEM; ONDE, AONDE, DE ONDE (DONDE); CUJO(S), CUJA(S); COMO; QUANTO(S), QUANTA(S); QUANDO.
Em primeiro lugar, veja a capacidade de retomada e de substituição desses pronomes:
Pegue os livros que estão sobre a mesa.
A oração em negrito é adjetiva. Observe que ela caracteriza livros (os livros estão sobre a mesa) e quem retoma e substitui livros é o pronome relativo que.
A cidade aonde Pedro vai fica no interior de Goiás.
O pronome relativo aonde retoma e substitui cidade (Pedro vai à cidade).
A garota da qual nós falamos mora nesta rua.
O pronome relativo a qual retoma e substitui garota (nós falamos da garota).
Pronomes demonstrativos
São pronomes que eram originalmente usados para posicionar espacialmente um objeto em relação às três pessoas do discurso, principalmente em relação a quem fala e a quem ouve. Também são usados para a marcação de tempo (passado, presente e futuro) e para o estabelecimento de referências anafóricas e catafóricas em um texto.
⇒ Pronomes demonstrativos variáveis:
1ª pessoa: este, esta, estes, estas – indicam um objeto sob posse da 1º pessoa;
2ª pessoa: esse, essa, esses, essas – indicam um objeto sob posse da 2º pessoa;
3ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas – indicam um objeto sob posse de um 3º ou distante da 1º e da 2º pessoa.
⇒ Pronomes demonstrativos invariáveis: referem-se a coisas ou objetos de forma indefinida. Espacialmente, possuem a mesma utilização dos anteriores.
1ª pessoa: isto
2ª pessoa: isso
3ª pessoa: aquilo
São pronomes demonstrativos também as formas: mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s), semelhante(s), tal(is), o(s), a(s), essas últimas quando equivalem a aquele(s), aquela(s) e aquilo.
Pronomes de tratamento
São pronomes empregados no trato com as pessoas, familiar ou respeitosamente. Embora o pronome de tratamento dirija-se à segunda pessoa, toda a concordância deve ser feita com a terceira pessoa. Assim, usa-se VOSSA quando conversamos com a pessoa e SUA quando falamos da pessoa.
Veja:
Vossa Senhoria deveria preocupar-se com suas obrigações e não com as de Sua Excelência, o Governador, que está em viagem.
Observe na tabela a seguir alguns exemplos de pronomes de tratamento:
Destinatário
Tratamento
Abreviação
Vocativo
Presidente da República
Vossa
Excelência
Usado por extenso
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Reitor de Universidade
Vossa Magnificência
Idem
Magnífico Reitor,
Papa, Dalai Lama
Vossa Santidade
Idem
Santíssimo Padre,
Juízes
Vossa Excelência
V.Exa.
Senhor Juiz,
Membros da Câmara dos Deputados
Vossa
Excelência
V.Exa.
Senhor Deputado,
Membros do Senado Federal
Vossa
Excelência
V.Exa.
Senhor Senador,
Pronomes indefinidos
Referem-se à terceira pessoa do discurso de forma indefinida, genérica e imprecisa. Podem ou não se flexionarem em gênero e número.
⇒ Variáveis:
Qualquer/Quaisquer
Qual/Quais
Bastante/Bastantes
Um(ns)/Uma(s)
Pouco(s)/Pouca(s)
Nenhum(ns)/Nenhuma(s)
Outro(s)/Outra(s)
Todo(s)/Toda(s)
Certo(s)/Certa(s)
Muito(s)/Muita(s)
Tanto(s)/Tanta(s)
Algum(ns)/Alguma(s)
Quanto(s)/Quanta(s)
As formas fulano, sicrano e beltrano são substantivos, e não pronomes indefinidos, enquanto as formas algures, alhures e nenhures são advérbios de lugar, e não pronomes indefinidos.
⇒ Invariáveis:
Alguém
Ninguém
Quem
Algo
Tudo
Nada
Cada
Mais
Menos
Demais
Outrem
Pronomes interrogativos
Pronomes interrogativos são aqueles empregados em orações interrogativas diretas ou indiretas. São eles: que, quem, qual, quais, quanto, quanta, quantos, quantas.
Exemplos de orações interrogativas diretas:
“Que horas são?”
“Quem é você?”
“Qual seu nome?”
“Quanto custa o livro?”
Exemplos de orações interrogativas indiretas:
“Eu perguntei que horas são.”
“Ana quer saber quem é você.”
“O juiz questionou qual seu nome.”
“Pedro indagou quanto custava o livro.”
Que e quem não se flexionam. Já o pronome qual é variável em número, e o pronome quanto concorda em gênero com o termo a que se refere.
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