1) Domingos Paschoal Cegalla, que vê em tal verbo apenas a acepção de ceder por algum tempo, gratuitamente ou não, entende que "é construção francesa empregar este verbo na acepção de pedir ou tomar emprestado".1
2) Josué Machado também é do entendimento de que esse verbo apenas deva ser usado no sentido de dar por empréstimo, jamais tomar por empréstimo.
3) E acrescenta que "muita gente tropeça no uso do verbo emprestar, porque no coloquial dos quintais fala-se que 'o ministro emprestou dinheiro da empreiteira', com o significado evidente de que ele tomou, recebeu, abocanhou, recolheu, capturou um dinheirinho. Uso ruim do verbo e coisa feia para o ministro".2
4) Luciano Correia da Silva vê como erro comum "arranjar objeto indireto com de para este verbo, como na frase: 'Eu emprestei de fulano esta máquina'", mandando corrigi-la para "Tomei emprestada (ou de empréstimo, por empréstimo) esta máquina".3
5) Para Luiz A. P. Vitória, "este verbo empregado no sentido de pedir emprestado é galicismo. Considerado estrangeirismo, fora da linguagem da informática, da internet e do mundo dos negócios, recomenda-se o termo vernáculo: pedir ou tomar emprestado, ou receber por empréstimo", motivo por que, segundo ele, não se há de dizer "Emprestei um livro de Fulano", mas "Tomei emprestado um livro de fulano".4
6) Cândido Jucá Filho reputa brasileirismo seu emprego com o sentido de tomar por empréstimo, mas ele próprio traz significativo exemplos de abalizados autores pátrios com essa significação: a) "Então o doutor foi emprestar da doente a moléstia" (Taunay); b) "Usara do engenhoso expediente de emprestar da oração algumas palavras alusivas à sua posição" (José de Alencar).5
7) Silveira Bueno também apenas admite para tal verbo a possibilidade de uso quando o sujeito dele fizer a ação de dar alguma coisa a alguém, motivo por que "toda vez que o sujeito do verbo não fizer a ação, mas, ao contrário, recebê-la, não se poderá usar o verbo emprestar, e sim a expressão tomar ou pedir emprestado.6
8) Celso Pedro Luft tem a acepção de tomar ou receber por empréstimo, de pedir emprestado, na conta de construção popular, típica da linguagem informal cotidiana e da linguagem literária.
9) Com base em Cândido Jucá Filho, observa Francisco Fernandes que emprestar de corre em São Paulo em vez de tomar emprestado a. Exs.: a) "Paulo emprestou um livro a Martinho"; b) "Martinho emprestou um livro de Paulo".
10) E, lembrando a lição do Padre José Stringari, continua tal autor: "no sentido de pedir ou tomar emprestado, pedir de empréstimo, receber por empréstimo, é falar brasileiro dizer-se emprestar de alguém alguma coisa".8
11) Conforme designação de Mário Barreto, entretanto, trata-se de palavra bifronte, porque indica relações duplas, posições recíprocas, com sentido ora ativo, ora passivo.
12) Aires da Mata Machado Filho, que transcreve a lição do referido gramático, vê em tais vocábulos termos de significação ativa e passiva.9
13) Na primeira hipótese, significa dar por empréstimo. Exs.: a) "O proprietário emprestou o imóvel ao amigo"; b) "Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família" (CC/1916, art. 746).
14) No segundo caso, tem o sentido de receber por empréstimo. Ex.: "O réu emprestou o imóvel do proprietário amigo".
15) Em realidade, ante a divergência entre os gramáticos, o melhor é ampliar as possibilidades de uso da expressão, aplicando-se o vetusto princípio de que, na dúvida, há liberdade de uso (in dubiis, libertas)
16) Por outro lado, como se vê, o emprego adequado da preposição salva os equívocos que possam aparecer em tais casos.
17) Antonio Henriques e Maria Margarida de Andrade também têm tal verbo como portador de ambos os significados: fazer empréstimo e receber empréstimo.10
18) Regina Toledo Damião e Antonio Henriques também estão de acordo em que tal verbo é bifronte, vale dizer, assume o duplo aspecto tanto no sentido ativo de dar por empréstimo como no sentido passivo de receber por empréstimo.
Emprestar a é a regência mais aceita pelos estudiosos da língua, estando de acordo com a ideia de que emprestar se refere ao ato de ceder algo temporariamente a outra pessoa, havendo um retorno implícito. Emprestar de é mais usado em contextos populares, transmitindo a ideia de tomar emprestado. Embora o uso da regência com a preposição de seja controverso, está dicionarizado, sendo comum na linguagem informal cotidiana e na literária.
Indicando o ato de ceder algo temporariamente a outra pessoa, ou de ceder dinheiro, para recebê-lo de volta com juros, o verbo emprestar é sinônimo de ceder, dispor, dispensar, conceder e entregar. A regência verbal é feita com as preposições a e para.
Exemplos:
O livro não está comigo porque emprestei a ele.
O livro não está comigo porque emprestei para ele.
Você pode emprestar esse lenço a minha prima?
Você pode emprestar esse lenço para minha prima?
O banco emprestou a você muito dinheiro.
O banco emprestou para você muito dinheiro.
Significando o ato de receber por empréstimo, ou seja, de tomar emprestado, a regência verbal é feita com a preposição de. Esta acepção do verbo emprestar é usada apenas no Brasil, não existe no português falado em Portugal, além da linguagem coloquial, e comum por escritores de renome. Mesmo dicionarizada, alguns autores sugerem a alteração da frase para tomar emprestado.
Exemplos – com preposição de:
Aqui estão as toalhas que eu emprestei de você.
Meu irmão emprestou mil reais de meu pai.
Emprestei dele os livros de que precisava para terminar minha tese.
Exemplos – com tomar emprestado:
Aqui estão as toalhas que eu tomei emprestado de você.
Meu irmão tomou emprestado mil reais de meu pai.
Tomei emprestado dele os livros de que precisava para terminar minha tese.
O verbo emprestar pode significar ainda, em sentido figurado, o ato de conferir, atribuir, transmitir e imprimir, deixando marcado.
Exemplos:
Cecília, sempre alegre, emprestava animação às reuniões laborais.
Aquele brilho emprestava um ar misterioso ao adorno.
2) Josué Machado também é do entendimento de que esse verbo apenas deva ser usado no sentido de dar por empréstimo, jamais tomar por empréstimo.
3) E acrescenta que "muita gente tropeça no uso do verbo emprestar, porque no coloquial dos quintais fala-se que 'o ministro emprestou dinheiro da empreiteira', com o significado evidente de que ele tomou, recebeu, abocanhou, recolheu, capturou um dinheirinho. Uso ruim do verbo e coisa feia para o ministro".2
4) Luciano Correia da Silva vê como erro comum "arranjar objeto indireto com de para este verbo, como na frase: 'Eu emprestei de fulano esta máquina'", mandando corrigi-la para "Tomei emprestada (ou de empréstimo, por empréstimo) esta máquina".3
5) Para Luiz A. P. Vitória, "este verbo empregado no sentido de pedir emprestado é galicismo. Considerado estrangeirismo, fora da linguagem da informática, da internet e do mundo dos negócios, recomenda-se o termo vernáculo: pedir ou tomar emprestado, ou receber por empréstimo", motivo por que, segundo ele, não se há de dizer "Emprestei um livro de Fulano", mas "Tomei emprestado um livro de fulano".4
6) Cândido Jucá Filho reputa brasileirismo seu emprego com o sentido de tomar por empréstimo, mas ele próprio traz significativo exemplos de abalizados autores pátrios com essa significação: a) "Então o doutor foi emprestar da doente a moléstia" (Taunay); b) "Usara do engenhoso expediente de emprestar da oração algumas palavras alusivas à sua posição" (José de Alencar).5
7) Silveira Bueno também apenas admite para tal verbo a possibilidade de uso quando o sujeito dele fizer a ação de dar alguma coisa a alguém, motivo por que "toda vez que o sujeito do verbo não fizer a ação, mas, ao contrário, recebê-la, não se poderá usar o verbo emprestar, e sim a expressão tomar ou pedir emprestado.6
8) Celso Pedro Luft tem a acepção de tomar ou receber por empréstimo, de pedir emprestado, na conta de construção popular, típica da linguagem informal cotidiana e da linguagem literária.
9) Com base em Cândido Jucá Filho, observa Francisco Fernandes que emprestar de corre em São Paulo em vez de tomar emprestado a. Exs.: a) "Paulo emprestou um livro a Martinho"; b) "Martinho emprestou um livro de Paulo".
10) E, lembrando a lição do Padre José Stringari, continua tal autor: "no sentido de pedir ou tomar emprestado, pedir de empréstimo, receber por empréstimo, é falar brasileiro dizer-se emprestar de alguém alguma coisa".8
11) Conforme designação de Mário Barreto, entretanto, trata-se de palavra bifronte, porque indica relações duplas, posições recíprocas, com sentido ora ativo, ora passivo.
12) Aires da Mata Machado Filho, que transcreve a lição do referido gramático, vê em tais vocábulos termos de significação ativa e passiva.9
13) Na primeira hipótese, significa dar por empréstimo. Exs.: a) "O proprietário emprestou o imóvel ao amigo"; b) "Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família" (CC/1916, art. 746).
14) No segundo caso, tem o sentido de receber por empréstimo. Ex.: "O réu emprestou o imóvel do proprietário amigo".
15) Em realidade, ante a divergência entre os gramáticos, o melhor é ampliar as possibilidades de uso da expressão, aplicando-se o vetusto princípio de que, na dúvida, há liberdade de uso (in dubiis, libertas)
16) Por outro lado, como se vê, o emprego adequado da preposição salva os equívocos que possam aparecer em tais casos.
17) Antonio Henriques e Maria Margarida de Andrade também têm tal verbo como portador de ambos os significados: fazer empréstimo e receber empréstimo.10
18) Regina Toledo Damião e Antonio Henriques também estão de acordo em que tal verbo é bifronte, vale dizer, assume o duplo aspecto tanto no sentido ativo de dar por empréstimo como no sentido passivo de receber por empréstimo.
Emprestar a é a regência mais aceita pelos estudiosos da língua, estando de acordo com a ideia de que emprestar se refere ao ato de ceder algo temporariamente a outra pessoa, havendo um retorno implícito. Emprestar de é mais usado em contextos populares, transmitindo a ideia de tomar emprestado. Embora o uso da regência com a preposição de seja controverso, está dicionarizado, sendo comum na linguagem informal cotidiana e na literária.
Indicando o ato de ceder algo temporariamente a outra pessoa, ou de ceder dinheiro, para recebê-lo de volta com juros, o verbo emprestar é sinônimo de ceder, dispor, dispensar, conceder e entregar. A regência verbal é feita com as preposições a e para.
Exemplos:
O livro não está comigo porque emprestei a ele.
O livro não está comigo porque emprestei para ele.
Você pode emprestar esse lenço a minha prima?
Você pode emprestar esse lenço para minha prima?
O banco emprestou a você muito dinheiro.
O banco emprestou para você muito dinheiro.
Significando o ato de receber por empréstimo, ou seja, de tomar emprestado, a regência verbal é feita com a preposição de. Esta acepção do verbo emprestar é usada apenas no Brasil, não existe no português falado em Portugal, além da linguagem coloquial, e comum por escritores de renome. Mesmo dicionarizada, alguns autores sugerem a alteração da frase para tomar emprestado.
Exemplos – com preposição de:
Aqui estão as toalhas que eu emprestei de você.
Meu irmão emprestou mil reais de meu pai.
Emprestei dele os livros de que precisava para terminar minha tese.
Exemplos – com tomar emprestado:
Aqui estão as toalhas que eu tomei emprestado de você.
Meu irmão tomou emprestado mil reais de meu pai.
Tomei emprestado dele os livros de que precisava para terminar minha tese.
O verbo emprestar pode significar ainda, em sentido figurado, o ato de conferir, atribuir, transmitir e imprimir, deixando marcado.
Exemplos:
Cecília, sempre alegre, emprestava animação às reuniões laborais.
Aquele brilho emprestava um ar misterioso ao adorno.
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