Religião - Paraíba: Domingo, 01 de março de 2020 / N1
Você sabe realmente como fazer o sinal da Cruz?
Você sabe realmente como fazer o sinal da Cruz?
Verdadeiro sinal de fé, o sinal da cruz, que se refere à paixão e morte de Cristo, não deve ser feito de qualquer forma, nem sem real intenção. Aqui vai um pequeno manual, que será útil mesmo para as pessoas mais religiosas!
Ao fazer o sinal da cruz, é importante prestar atenção ao gesto e às palavras que acompanham essa ação, porque, através desse rito muito simples, os cristãos querem dizer que o Deus três vezes santo está inscrito em sua carne.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
Sua mão direita vai para a testa e você diz “Em nome do Pai”. O amor criador abre a sua inteligência para as realidades espirituais. Sua mão desce até ao ventre, você diz “e do Filho”. O amor salvador desce à Terra para nos tornar mais humanos. Sua mão vai do ombro esquerdo para o ombro direito e você diz “e o Espírito Santo”. E o amor santificador faz com que você comungue daquilo que os outros estão vivendo.
Este sinal da cruz não é um gesto comum. Ele une a Terra e o Céu, reúne o humano e o divino no ponto central do coração do qual brota a oração. Cristãos morreram martirizados por fazê-lo em países onde a fé cristã não é tolerada. Ao colocar toda a sua vontade e amor ao fazer o sinal da cruz, você pode também fazer esta breve oração:
Em nome do Pai que me cria por amor,
em nome do Filho que me carrega com amor,
em nome do Espírito que dá à luz o amor
Amém
Jacques Gauthier
N2
Na Missa, por que às vezes se toca um sino durante a consagração?
Atualmente, como a missa se celebra em língua vernácula, as pessoas estão mais atentas e sabem qual é o momento da consagração
Durante a missa pré-conciliar (que se celebrava em latim, e na qual os fiéis viam o sacerdote de costas), muitos fiéis se desconcentravam, se distraíam e não distinguiam os diferentes momentos da celebração.
Então, para chamar a atenção dos fiéis nos momentos culminantes da missa, eram usados pequenos sinos (carrilhão), para orientá-los, especialmente na hora da consagração.
No caso da consagração, havia duas formas de chamar a atenção dos fiéis: o sininho que o coroinha tocava e a colocação de uma palmatória (um tipo de castiçal) com uma vela acesa no altar.
Estes sinais permitiam que as pessoas soubessem que algo importante estava acontecendo, ou que estava a ponto de acontecer. Todos os fiéis se colocavam de joelhos, atitude que se mantém até hoje.
Atualmente, como a missa se celebra em língua vernácula, as pessoas estão mais atentas e sabem qual é o momento da consagração; por isso, o uso do sino foi suprimido como obrigatório e mantido como opcional.
Segundo a Instrução Geral do Missal Romano, “um pouco antes da consagração, o ministro, se for oportuno, adverte os fiéis com um sinal da campainha. Faz o mesmo em cada elevação, conforme o costume da região” (n. 150).
N3
A imposição das cinzas perdoa os meus pecados?
As cinzas são sinais de arrependimento e nos preparam para as graças de Deus
A Quarta-Feira de Cinzas marca o começo da Quaresma, um tempo de 40 dias de jejum, reflexão, meditação e preparação para a Páscoa.
Embora a celebração da Quarta-Feira de Cinzas não esteja mencionada na Bíblia, é um dos maiores acontecimentos cristãos da história da Igreja.
Durante a Missa de Cinzas, o sacerdote diz: “És pó, e ao pó tornarás” (Gênesis 3,19), enquanto impõe as cinzas em forma de cruz na testa do fiel.
Com isso, a Igreja Católica recorda o quão curta é a vida e que devemos começar a nos preparar para a morte e a ressurreição junto a Jesus.
Cinza, um sinal de arrependimento
Há muito tempo, as cinzas são consideradas um sinal de arrependimento e de dor pelos pecados. Várias vezes a Bíblia menciona pessoas e povos inteiros arrependidos de seus pecados, usando a cinza como uma mostra externa de sofrimento, como na passagem abaixo:
“Quando Mardoqueu soube o que se tinha passado rasgou suas vestes, cobriu-se de saco e de cinza. Em seguida, percorreu a cidade, dando gritos de dor.Veio desse modo até diante da porta do rei, pela qual ninguém tinha o direito de passar com vestes de luto. Em cada província, em toda a parte onde chegavam a ordem do rei e seu edito, havia grande desolação entre os judeus. Jejuaram, choraram e fizeram lamentações; e muitos se deitavam sobre o saco e a cinza” (Ester 4,1-3).
O próprio Jesus Cristo fez referência às cinzas como sinal de arrependimento:
“Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido feitos os prodígios que foram realizados em vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, cobrindo-se de saco e cinza” (Lucas 10,13).
Conhecendo agora o que significam as cinzas, podemos responder à pergunta: a imposição das cinzas perdoa os pecados?
Absolutamente não. A imposição das cinzas é apenas um sinal de arrependimento. O perdão dos pecados acontece apenas no Sacramento da Reconciliação (ou Confissão).
As cinzas apenas nos preparam para recebermos a graça de Deus e deixam nossos corações abertos para receber o perdão no Sacramento da Reconciliação.
Que possamos, então, receber as cinzas como forma de arrependimento e sinal da nossa vontade de caminharmos até o Senhor.
Artigo traduzido e adaptado de pildorasdefe.net
N4
Quaresma: por que o peixe não é considerado “carne”?
E por que não podemos comer frango, se podemos comer peixe?
Jesus jejuou durante 40 dias e morreu em uma sexta-feira. Por isso, embora algumas pessoas decidam não comer carne durante toda a Quaresma, as sextas-feiras são os dias mais respeitados e importantes. Antigamente, em alguns países católicos, em todas as sextas-feiras do ano só se consumia peixe.
É preciso recordar que esta abstinência de carne é feita para honrar o sacrifício do Senhor ao morrer na cruz para limpar nossos pecados.
Desde a antiguidade, a carne vermelha foi símbolo de opulência e celebração. Por isso, consumi-la durante a Quaresma não combinaria com o sentimento de reflexão e humildade desta época litúrgica.
Em sua “Suma Teológica”, São Tomás de Aquino explica que o consumo de carne vermelha também dá mais prazer, já que ela é mais saborosa. Abster-se dela seria mostra de um grande sacrifício.
“Ah, então são apenas as canes vermelhas que são proibidas”, pensarão alguns. Não, o frango – que é carne branca – também não é permitido na Quaresma. Mas por que então o peixe está liberado?
Como escreveu São Paulo, “Nem todas as carnes são iguais: uma é a dos homens e outra a dos animais; a das aves difere da dos peixes” (I Coríntios 15,39).
Neste sentido, São Tomás de Aquino adverte que o frango também proporciona prazer. Talvez não tanto quanto o da carne vermelha, mas ele é um animal de “sangue quente” e da terra, diferenciando-se do peixe: “O jejum foi instituído pela Igreja com a finalidade de frear as concupiscências da carne, que considera os prazeres do tato relacionados à comida e ao sexo. Portanto, a Igreja proibiu aos que jejuam os alimentos que dão mais prazer ao paladar, além de serem um incentivo à luxúria. Tais são as carnes dos animais que tomam seu descanso na terra e os seus derivados, como o leite e os ovos das aves”.
Não obstante, com o passar dos anos, a Igreja foi flexibilizando esta regra. Em alguns países da América Latina, a carne de capivara, por exemplo, é permitida, já que a Igreja a considera como carne de peixe, apesar de ela ser um mamífero aquático. Nos Estados Unidos, a carne de lagarto também é considerada “peixe” pela Igreja desde 2010.
E em relação aos frutos do mar, como moluscos e crustáceos? Alguns membros do clero acreditam que a ostra e a lagosta devem ficar fora da lista de carnes permitidas na Quaresma, já que, embora aquáticos, também são associados ao luxo e ao extremo prazer.
Quanto aos derivados animais (ovos, leite e queijo), também há divergências dentro da Igreja. Alguns os consideram pertinentes, pois não são o animal em si. Mas outros dizem que é preferível substitui-los.
Em resumo: a carne permitida às sextas-feiras da Quaresma (e na Quarta-feira de Cinzas) é aquela que provém do mar, dos lagos e dos rios, com algumas exceções. Assim como Jesus deu sua carne e sangue por nós, jejuar é uma mostra de gratidão.
Explicado isso, é importante dizer que, embora o peixe possa ser consumido, seu preparo deve ser simples. Os doentes, crianças menores de 14 anos, pessoas com problemas mentais, mulheres que amamentam e aqueles que têm restrições alimentares podem descumprir a norma.
Apesar de não ser um mandamento, abster-se de certos gostos gastronômicos nos agrega um sentido de humildade, abnegação, agradecimento e penitência. É uma maneira de recordar e viver o tempo da Quaresma em verdadeira preparação para a Páscoa.
N5
O ofertório não é um intervalo da Missa!
Entenda o valor espiritual desta parte da Liturgia
Chega um dado momento da Missa em que os ministros começam a passar os cestos, coral executa uma música marcante, a congregação senta-se após o longo período do credo e das orações dos fiéis e os pais arrumam as crianças nos bancos … Isso tudo parece, de alguma forma um “intervalo”. Como se o primeiro ato tivesse terminado e segundo estivesse prestes a começar e a mente precisasse fazer uma pausa…
Mas atenção: o ofertório não é o intervalo da Missa. Pelo contrário: esta parte da liturgia tem um profundo significado espiritual. E quem explicou isso muito bem foi o Papa Francisco, em uma de suas catequeses em que discorreu sobre as partes da Missa.
Francisco apontou como a Igreja “organizou a Liturgia Eucarística em momentos que correspondem às palavras e gestos feitos por [Cristo] na véspera de Sua paixão.”
“Assim”, ele disse, “na Preparação das Oferendas , pão e vinho são levados ao altar, isto é, os elementos que Cristo tomou em Suas mãos.”
Francisco disse que é bom que os fiéis levem o pão e vinho até o altar “porque eles significam a oferta espiritual da Igreja ali reunida para a Eucaristia”.
Ele observou que, nos tempos dos primeiros cristãos, essa oferta de pão e vinho era feita pelos próprios fiéis, que levavam os alimentos de casa. Embora esse não seja mais o caso, “no entanto, o rito de levar as ofertas ainda mantém sua força e seu significado espiritual”, disse ele.
“Portanto, sob os sinais de pão e vinho, o povo fiel coloca sua oferta nas mãos do sacerdote, que a coloca no altar ou na mesa do Senhor, ‘que é o centro de toda a liturgia da Eucaristia.’ Ou seja, o centro da Missa é o altar, e o altar é Cristo; devemos sempre olhar para o altar, que é o centro da missa.”
Nesta apresentação das oferendas, os fiéis “oferecem seu compromisso de fazer de si mesmos, obedientes à Palavra divina, um ‘sacrifício agradável a Deus Pai Todo-Poderoso’, para o bem de toda a Sua santa Igreja'”.
Francisco reconheceu que, é claro, o que podemos oferecer ao Senhor é algo pequeno, “mas Cristo precisa desse pouco que nós damos”, disse ele.
“Ele pede pouco de nós, o Senhor, e nos dá muito. Ele pergunta pouco. Ele nos pede, na vida cotidiana, boa vontade; Ele nos pede um coração aberto; Ele nos pede o desejo de ser melhor, de recebê-Lo, Aquele que se oferece a nós na Eucaristia; Ele nos pede essas ofertas simbólicas que depois se tornam Seu corpo e Seu sangue. ”
O Sucessor de Pedro observou como tudo isso se expressa na oração do ofertório, pois, nela, o padre pede a Deus que aceite esses dons da Igreja, “invocando o fruto da maravilhosa troca entre nossa pobreza e Sua riqueza”.
“A espiritualidade do dom de si mesmo, que este momento da Missa nos ensina, pode iluminar nossos dias, nossos relacionamentos com os outros, as coisas que fazemos e os sofrimentos que encontramos, ajudando-nos a construir a cidade terrena à luz do mundo: o Evangelho ”, concluiu.
N6
O simbolismo da procissão do ofertório na Missa
A oferta do pão e vinho ao sacerdote nos lembra de colocar nosso coração no altar para ser transformado
Quem vai à Missa sabe: alguns membros da congregação são convidados a apresentar o pão e o vinho ao sacerdote enquanto ele prepara o altar para as orações da Consagração.
Embora possa parecer à primeira vista um tipo de intervalo, esta é de fato uma ação litúrgica com uma longa história e profundo simbolismo.
A Enciclopédia Católica explica:
“Originalmente, naquele momento, as pessoas traziam pão e vinho que eram recebidos pelos diáconos e colocados por eles sobre o altar”.
Antigamente, os membros da congregação local eram normalmente encarregados de assar o pão e adquirir vinho, portanto.
Nikolaus Gihr, em seu livro Holy Sacrifice of the Mass (“O Santo Sacrifício da Missa”), explica parte do simbolismo desse ato:
“Em primeiro lugar, a oblação (oblatio) refere-se aos elementos eucarísticos: o pão e o vinho são retirados do uso comum, consagrados a Deus e previamente santificados, para que possam ser preparados e adaptados ao seu destino indescritivelmente exaltado. Desistimos de toda a reivindicação desses dons terrestres e os oferecemos ao Altíssimo, com a intenção e o desejo de que Ele os mudasse no curso do sacrifício para Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.”
Neste momento, os fiéis são encorajados a se unir à oferta de maneira espiritual e a colocar seus corações no altar, para que possam ser transformados de maneira mística no “corpo” de Cristo.
Participar desse alimento de Deus, sentar-se neste banquete de amor, todos de fato são convidados; mas entre os convidados presentes, os honrados e preferidos são os “pobres” de espírito, os humildes de coração – enfim, todos os que esvaziaram seus corações e os despojaram do amor pelos bens desta terra, e quem, portanto, tem fome e sede do alimento imperecível do céu.
Gihr nos dá mais algumas palavras de reflexão sobre como nossos corações podem ser transformados neste momento da Missa:
“O coração se torna resplandecente com o santo amor de Deus e se desprende dos laços das inclinações e desejos mundanos que o prendem no pó; desperta-se de sua indolência e tepidez preguiçosas, para que com santo ardor suba ao céu com todos os seus poderes. ‘Corações no alto!'”
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