O guloso Tomás Nota estava muito interessado em comer um brigadeiro. E foi fazer uma tentativa na Barraca Nominal.
-Você tem um brigadeiro gostoso para mim?
- Gostoso... É uma qualidade do brigadeiro. Se "brigadeiro" é objeto direto, "gostoso" é o predicativo do objeto - respondeu o dono da Barraca Nominal, que era irmão do dono da Barraca Verbal.
- E daí? Eu estou ficando desesperado por um brigadeiro!
- Desesperado... isso é uma qualidade do sujeito "eu". Ou seja, é o predicativo do sujeito.
O dono da Barraca Nominal continuou:
- Desesperado por um brigadeiro... isso me lembra de uma coisa: "por um brigadeiro" é um complemento para "desesperado".
Ele estava judiando do pobre Tomás Nota. Mas o que dizia era verdade: quem está desesperado, está desesperado por algum motivo. Então "por um brigadeiro" é o complemento para "desesperado". Como complementa "desesperado", que é um nome, "por um brigadeiro" é um complemento nominal.
Tomás Nota começou a perder a paciência... e o dono da Barra Nominal aproveitou para explicar o que era adjunto adnominal e aposto. Aposto que você não conhece!
Dica do Anjo Aurélio: Predicativo é um adjetivo ou expressão com função adjetiva localizada no predicado que qualifica o sujeito ou o objeto, que expressa uma qualidade ou estado do termo ao qual se refere. Complemento nominal é o termo que completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), sempre ligado por preposição.
ADJUNTO ADNOMINAL E APOSTO
Pois é... mas Tomás Nota continuava com água na boca por causa do tal brigadeiro gostoso...
- Eu hein?! - protestou o bloquinho. - Não adianta procurar brigadeiro na Cidade da Gramática, onde só tem palavras!
E o dono da Barraca Nominal não perdeu tempo:
-Veja que "na Cidade da Gramática" está junto de "brigadeiro", modificando-o. Como "brigadeiro" é um nome, "na Cidade da Gramática" é... um adjunto adnominal.
- E qual é a diferença entre um complemento nominal e um adjunto adnominal? - perguntou Tomás, curioso, já que tinha desistido de comer o doce.
- É uma boa pergunta. Repare: o nome que está sendo modificado é "brigadeiro". Podemos usar vários adjuntos adnominais para ele, como doce, grandão, delicioso. Mas se dissermos apenas o nome "brigadeiro", já dá para entender tudo. O complemento nominal, por sua vez, é necessário para completar o sentido de um nome.
Dica do Anjo Aurélio: Adjunto adnominal é um termo de valor adjetivo, representado por um artigo, pronome, numeral, adjetivo ou locução adjetiva, que qualifica, especifica, determina ou individualiza um substantivo ou equivalente.
Voltando a fita: "Não adianta procurar brigadeiro na Cidade da Gramática, onde só tem palavras".
Se você prestar atenção, no final da oração acima há um termo explicativo. Ele está explicando o nome Cidade da Gramática.
É um aposto: um termo que explica um nome usado na oração.
Aliás, "um termo que explica um nome usado na oração" está explicando o nome aposto...
Dica do Anjo Aurélio: Caso o termo preposicionado se refira a um substantivo concreto, é sempre um adjunto adnominal. Caso se refira a um adjetivo ou advérbio, é sempre um complemento nominal.
Caso se refira a um substantivo abstrato, pode ser adjunto adnominal se tiver valor ativo (praticar a ação) ou complemento nominal se tiver valor passivo (receber a ação).
Aposto é um termo de valor substantivo que explica, enumera, especifica, resume, distribui ou compara um substantivo ou pronome.
- Eu quero...
- O quê? Quem quer, quer alguma coisa.
- Eu quero um brigadeiro.
Mal tinha começado a conversa entre o dono da Barraca Verbal e Tomás Nota, já chegou alguém para interromper.
(Sussurros):
- Ei, você está sabendo? - perguntou a pessoa que interrompeu.
- De quê? Minha filha, quem sabe, sabe de alguma coisa - sussurrou de volta o dono da Barraca Verbal.
- Ah, deixa para lá.
Apesar de parecer distraído, o que o dono da Barraca Verbal queria mostrar para as pessoas é que muitos verbos precisam de complementos. Por isso, são chamados de verbos transitivos.
Quando o verbo pede um complemento que tem preposição ("de alguma coisa"), é chamado de transitivo indireto. Quando o complemento não tem preposição ("alguma coisa"), o verbo é transitivo direto.
E assim, os complementos são chamados de objeto direto e objeto indireto. "Eu quero um brigadeiro"
Eu = sujeito
quero um brigadeiro = predicado
quero = verbo transitivo direto
um brigadeiro = objeto direto
Dica do Anjo Aurélio: O verbo transita para seu complemento, diretamente ou indiretamente, com ou sem o auxílio de preposição.
Ah, mas não é só isso. Tomás Nota também descobriu tudo sobre a voz passiva e os adjuntos adverbiais. Sabe como?
VOZ PASSIVA e ADJUNTOS ADVERBIAIS
Era insistente esse Tomás Nota...
- Eu desejo aquele brigadeiro.
- Que foi, meu filho?
- Aquele brigadeiro é desejado por mim.
- Ah, meu filho, este brigadeiro só está aqui para servir de exemplo...
Sem perceber, Tomás Nota usou o agente da voz passiva.
Em uma oração, o verbo pode estar na voz ativa ("desejo") ou na voz passiva ("é desejado").
"Eu desejo aquele brigadeiro" (voz ativa)
Sujeito = Eu
O agente da passiva corresponde ao sujeito na voz ativa.
"Aquele brigadeiro é desejado por mim"(voz passiva)
Agente da passiva = por mim
Dica do Anjo Aurélio: Agente da passiva é o termo que indica quem ou o que pratica a ação verbal na voz passiva analítica, sendo omitido na voz passiva sintética. É sempre precedido por preposição.
- Eu queria muito aquele doce! - lamentou Tomás Nota.
- Você queria mesmo? Sinto muito! - disse o dono da Barraca Verbal, fingindo tristeza.
No trecho acima, estão destacadas algumas palavras que vêm junto do verbo, modificando-o
São os adjuntos adverbiais.
Eles são advérbios que vieram do Bairro da Morfologia e, no Largo da Sintaxe, tornaram-se adjuntos adverbiais.
Dica do Anjo Aurélio: Adjunto adverbial é o termo de valor adverbial que indica uma circunstância (tempo, modo, lugar, causa, finalidade, etc.). Modifica um verbo, um adjetivo, um advérbio ou uma oração. Pode vir preposicionado ou não.
Realmente - advérbio de afirmação, na análise sintática, adjunto adverbial de afirmação
Talvez - advérbio de dúvida, na análise sintática, adjunto adverbial de dúvida
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