Quarto simples | Quarto composto | Quarto oculto | Quarto indeterminado | Quarto inexistente
Na entrada da Pensão do Sujeito, Tomás Nota encontrou uma placa:
"A gente sempre está falando alguma coisa sobre alguém...
Aquela menina é minha vizinha
Eu e meu tigre não queremos ir à escola.
Você sabe do que eu estou falando
...esse alguém é o sujeito!"
"Muito explicativo", pensou Tomás Nota.
Dica do Anjo Aurélio: Sujeito é a palavra ou conjunto de palavras que concorda com o verbo e é o ser a respeito do qual se dá uma informação.
Quarto Simples
- Ei, vem cá!
Era Mané Sujeito que estava chamando.
- Vem conhecer a Pensão do Sujeito. Vem, vem.
E Tomás Nota seguiu Mané Sujeito. Como era no período da tarde, todos os sujeitos tinham ido trabalhar na construção de orações.
No corredor da pensão havia várias portas. A primeira se abriu, e mostrou um quarto que só tinha uma cama. Mané Sujeito sussurrou:
- Este é o quarto simples. Aqui dorme o sujeito simples.
Havia algumas orações nas paredes, em folhinhas penduradas:
"Jorge machucou as mãos."
"A noite está fria."
"O corcunda é esquisito e amável."
- Está vendo? São orações que o sujeito simples ajudou a construir. Vamos olhar o quarto do sujeito composto, onde eu vou lhe contar um segredo.
uarto composto
E o amável Mané Sujeito abriu outra porta. Lá dentro, várias camas.
- Este é o quarto composto - adivinhou Tomás Nota, onde dorme o sujeito composto.
Os olhos de Mané Sujeito brilharam.
- Exatamente. Agora olhe nas paredes.
Havia orações bem diferentes do que as penduradas no quarto do sujeito simples.
"Júpiter, Vênus e Marte são planetas do sistema solar."
"A mochila e os livros não cabem juntos na estante."
"Café e carros soltam fumaça."
Mané Sujeito começou a pular na frente de Tomás Nota, dizendo:
- Este é o segredo!
Acalmou-se e continuou:
- Existe um núcleo do sujeito! Júpiter, Vênus, Marte: são vários núcleos para um só sujeito. É impossível haver dois sujeitos numa oração.
Ele ainda acrescentou, depois de uma piscadinha:
- O sujeito simples só tem um núcleo: "Jorge", "noite", "corcunda". O sujeito composto tem dois ou mais núcleos: "mochila, livros", "café, carros", "Júpiter, Vênus, Marte".
Depois disso, continuaram o passeio pela Pensão do Sujeito. Mais um mistério seria revelado por Mané Sujeito.
Dica do Anjo Aurélio: O conceito de sujeito depende da forma, não do sentido. Não é o fato de o sujeito estar no plural que lhe confere a classificação de composto.
Quarto Oculto
Na parede do corredor havia um quadro. O Mané Sujeito moveu o quadro, e abriu-se na parede uma passagem secreta.
- Oh! Tomás Nota ficou de queixo caído. Seus olhos arregalados falavam por ele.
- Aqui é o quarto oculto, onde dorme o sujeito implícito - foi explicando Mané Sujeito- Ele se esconde, mas sempre descobrimos quem ele é.
Em papéis jogados debaixo da cama, dava para ler as orações:
"Estou apaixonado."
"Descobrimos o segredo."
"Nunca disseste a verdade."
Mané Sujeito garantiu:
- É fácil descobrir o sujeito dessas orações.
Era um desafio para Tomás Nota, que matutou um pouco e mandou:
- Eu... "estou apaixonado". Este é o sujeito implícito: eu.
- Nós... "descobrimos o segredo". Sujeito implícito: nós.
- Tu... "nunca disseste a verdade". O sujeito implícito é: tu.
E prosseguiram o passeio.
Dica do Anjo Aurélio: Preferimos a denominação sujeito implícito, pois a gramática aboliu o nome sujeito oculto, pois oculto significa que está escondido. Não está expresso na oração, mas se deduz do contexto.
Quarto indeterminado
- Este é o Quarto Indeterminado. Aqui dorme o sujeito indeterminado. Você nunca vai poder dizer quem é ele. Ou eles... - Mané Sujeito disse baixinho, com ar enigmático.
Havia orações rabiscadas em papéis espalhados pelo chão.
"Quebraram o vaso."
"Procura-se profissional com experiência."
- Quem quebrou o vaso, hein? Quem procura profissional com experiência, hein?
Hein, hein?- ficou repetindo Mané Sujeito, cutucando o umbigo de Tomás Nota, que gritou:
- Não sei! Não fui eu! Eles! Alguém!
- Eles quem?- Mané Sujeito fez cara de inspetor de alunos.
- Não sei! Sujeito indeterminado!
- Isso mesmo! Agora, quero ver sua cara quando você conhecer o sujeito inexistente.
Dica do Anjo Aurélio: Há quatro formas de indeterminar o sujeito - verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência, verbo no infinitivo impessoal, pronome 'você' como indeterminador do sujeito e verbo na 3ª pessoa do singular associado ao pronome 'se' (índice de indeterminação do sujeito).
Quarto Inexistente
E abriu a porta do corredor. A porta não dava para lugar nenhum. Era o quarto inexistente.
- Aqui mora o sujeito inexistente - completou nosso anfitrião.
Na porta do quarto inexistente, algumas anotações:
"Choveu ontem."
"Há tempos que você não aparece."
"São seis e meia."
- Os verbos dessas orações são impessoais - segredou Mané Sujeito. Não admitem sujeito. São orações com sujeito inexistente.
E, com seu vozeirão, cantou a Canção do Verbo Impessoal:
"Haver para Existir ou Ocorrer
Para falar do passado com Haver e Fazer
Ser e Estar, para falar do tempo a passar
Verbos da natureza, como chover e nevar".
Dica do Anjo Aurélio: Os principais verbos impessoais são: haver (no sentido de existir, acontecer ou realizar-se), haver, fazer, ser, estar e passar (na indicação de temperatura, tempo decorrido, hora, data ou distância) e todos os verbos que indicam fenômenos da natureza (exceto quando usados em sentido figurado, têm sujeito). São impessoais também os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de.
Se você perguntar 'quem choveu ontem? São Pedro?', a resposta fica sem coerência.
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