As figuras de linguagem são recursos linguísticos que os autores recorrem para tornar a linguagem mais rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibilidade de quem os utiliza, traduzindo particularidades estilísticas do emissor.
Para utilizar corretamente as figuras de linguagem, é necessário entender os conceitos de denotação e conotação, ou seja, o uso de palavras ou expressões empregadas no sentido próprio ou figurado.
Denotação é o significado básico e objetivo de uma palavra, independente da situação, do contexto em que aparece e não permite mais de uma interpretação. A denotação é sempre impessoal, objetiva; é a palavra em “estado de dicionário”.
Observe:
O goleiro bateu a cabeça na trave.
O lavrador possui as mãos bastante ásperas.
As palavras cabeça e ásperas estão empregadas no sentido próprio, conhecidos por todos. Assim, os exemplos levam o receptor à denotação, pois as palavras em destaque permitem apenas uma interpretação.
Conotação é o emprego de uma palavra no sentido figurado, associativo, possibilitando várias interpretações. Ocorre quando a palavra tem seu significado ampliado, dependendo do contexto em que aparece; por isso mesmo, tem um caráter mais pessoal, subjetivo. Dessa maneira, a conotação possui a propriedade de apresentar significados diferentes do sentido original da palavra.
Veja:
Conseguiram capturar o cabeça daquela quadrilha.
O pai dirigiu palavras ásperas ao filho respondão.
Nesses exemplos as palavras cabeça e ásperas ganham novos sentidos, sugerindo ao receptor a ideia de forma indireta. Nesse caso dizemos que ocorre conotação, pois as palavras foram empregadas de acordo com a ideia que o emissor desejou sugerir. Esse recurso de linguagem consiste na possibilidade de proporcionar ao leitor ou ouvinte uma interpretação subjetiva do significado de determinadas palavras ou expressões.
Nos versos de Gilberto Gil
“Se eu quiser falar com Deus (…)
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos,
Da gravata,
Dos desejos,
Dos receios (…)”
temos, nos dois primeiros casos, a palavra nós empregada em sentido denotativo (nó do cordão do sapato; nó da gravata); nos dois últimos, nós foi empregada em sentido conotativo, figurado (nó dos desejos; nó dos receios).
Facílimo, não?
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