A palavra se é um dos casos de palavras que assumem diversas funções.
Pode ser substantivo, conjunção causal, conjunção condicional, conjunção integrante, índice de indeterminação do sujeito, pronome apassivador, parte integrante do verbo, pronome pessoal.
Quando a palavra se é pronome pessoal, ela deverá estar sempre na pessoa do sujeito da oração que faz parte, por isso, o pronome oblíquo se sempre será reflexivo, tem o valor de si mesmo. Pode exercer as seguintes funções sintáticas:
Objeto direto: Ele cortou-se com a faca.
Objeto indireto: Ele arroga-se direitos que não possui.
Sujeito de um verbo no infinitivo: “Sofia deixou-se estar à janela.” (Machado de Assis)
No plural, o pronome reflexivo se também é empregado para indicar reciprocidade de ação, ou seja, troca de ação entre os elementos do sujeito equivalendo a um ao outro. uns aos outros, entre si, reciprocamente, mutuamente e classifica-se como pronome recíproco:
Os jogadores davam-se as mãos antes da partida.
Os torcedores agrediam-se nas arquibancadas.
Os dois homens cumprimentaram-se friamente (um cumprimentou o outro.)
Verbo suicidar-se
Sim, trata-se de um pleonasmo. Porém, o uso do pronome reflexivo “se” junto ao verbo está consagrado.
As palavras terminadas pelo elemento latino “cida” apresentam a ideia de “matar”: se o formicida mata formigas, se o inseticida mata insetos e se o homicida mata homens, o suicida só pode matar a si mesmo.
O verbo “suicidar-se” vem do latim “sui” (“a si” = pronome reflexivo) + “cida” (=que mata).
Isso significa que “suicidar” já é “matar a si mesmo”. Dispensaria, dessa forma, a repetição causada pelo uso do pronome reflexivo “se”. Mas, ninguém diz “ele suicida” ou “eles suicidaram”.
O verbo “suicidar-se” hoje é tão pronominal quanto os verbos “arrepender-se”, “esforçar-se”, “(in)dignar-se”… Da mesma forma que “ela se esforça” e “eles se arrependeram”, “ela se suicida” e “eles se suicidaram”. Drummond usou corretamente no poema Quadrilha 'Joaquim suicidou-se'.
Vou iniciar falando do si. O pronome se fica para outra ocasião. Si é pronome pessoal do caso oblíquo, sempre regido de preposição (exceto com) e pertence às duas terceiras pessoas (singular e plural): “O egoísta só pensa em si” (refere-se ao sujeito egoísta).
“Vive cheio de si”.
“Cada um faça por si o trabalho”.
“Caíram em si e silenciaram”.
No Brasil costuma-se usar esses pronomes com sentido reflexivo, isto é, referindo-se ao sujeito da oração:
“O pai levou o filho consigo“.
“Ele trouxe o passaporte consigo”.
“Ela só pensa em si”. Significa que ela só pensa nela mesma, em si mesma, em si própria.
No português de Portugal usa-se o si sem sentido reflexivo, representando a pessoa com quem se fala e a quem tratamos por você, o senhor, a senhora. A frase “ela só pensa em si” tem significado diferente do que tem no português brasileiro. Quem a emite usa o si em relação ao seu interlocutor, ou seja, significa que ela só pensa na pessoa com a qual está conversando (ou está a conversar), como diria a maior parte dos portugueses.
No português culto do Brasil não ocorre o uso dos pronomes si e consigo em relação à pessoa com quem se fala, ou seja, não existe a construção como “gosto muito de si”, “queria ir consigo”, “amanhã falo consigo”. Na língua culta do Brasil, teríamos: “gosto muito de você”, “queria ir com você”, “amanhã falo com você”.
Dica:
Para marcar expressamente a ação reflexiva, é comum acrescentar uma expressão de reforço como “mesmo” ou “próprio” depois do “si”.
“Sempre exige muito de si próprio/mesmo”.
“Ela ficava pensando consigo mesma no que iria fazer no domingo”.
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