Ainda confundidos com os padres católicos ou comparados aos pastores evangélicos, os diáconos permanentes começam a ganhar espaço dentro da Igreja brasileira. De acordo com a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), hoje eles já são mais de 2 mil em todo o país - há dez anos, eram pouco mais de 800.
A expansão coincide com a dificuldade da Igreja em formar novos padres, em um contexto de crescimento da população. Embora tenha limitações, o diácono pode realizar batizados, fazer casamentos e promover a celebração da palavra. E com uma diferença: ele é um homem comum, geralmente casado, com filhos e uma profissão. "De um lado, há uma demanda por parte da Igreja. A população cresce, mas novas ordenações não ocorrem. O diaconato surge como uma tentativa de responder à falta de ministros ordenados", analisa Wagner Sanchez, professor do departamento de teologia e ciências da religião da PUC-SP.
Na prática, o diácono não substitui inteiramente o padre. Numa paróquia, somente o sacerdote pode consagrar a hóstia e o vinho, celebrar a Missa, ouvir confissões e administrar o sacramento da unção dos enfermos (conhecido antigamente como extrema unção). Mas o diácono é capaz de assumir responsabilidades antes concentradas na figura do padre.
"Aos sábados, sou eu quem realiza batizados e casamentos", confirma Francisco Carlos Kumagai, diácono da paróquia de Santa Cecília, no centro de São Paulo. Com 47 anos, casado e com dois filhos, Kumagai é formado em psicologia e professor de ensino religioso. Nas cerimônias, veste roupas que fazem lembrar as de um padre, o que muitas vezes confunde os fiéis. "As pessoas ainda não estão acostumadas, mas eu faço questão de explicar que sou um diácono - e não um padre - e que faço parte da estrutura da Igreja."
O diácono Odelcio Calligaris da Costa, presidente da Comissão Nacional dos Diáconos (CND), órgão ligado à CNBB, confirma que os fiéis ainda se confundem. "Mas o diácono não é um substituto do padre. Ele está ali para ajudar, e não para substituir", afirma.
Vocação
Sob o ponto de vista teológico, o católico tem sua vocação para o diaconato despertada pelo Espírito Santo. Nas paróquias, normalmente os padres indicam as pessoas que, dentro da comunidade, têm o perfil para assumir a função.
Para se tornar diácono, é necessário cumprir algumas exigências e passar por um curso. As regras variam em cada diocese, mas no geral é preciso ter mais de 35 anos, estar casado há pelo menos cinco anos, ter uma vida eclesial e matrimonial exemplares e freqüentar pelo menos três anos de um curso de formação em teologia. Além disso, a esposa precisa autorizar, por escrito, a ordenação. Em caso de falecimento posterior da mulher, o diácono não pode se casar novamente. Em muitos casos, o diaconato surge como uma alternativa para quem deseja, mesmo casado, participar da estrutura da Igreja.
Alfredo Meletti, da paróquia de São Vito, no centro de São Paulo, fez parte da primeira turma de diáconos formada na cidade, no fim de 2005. Seu desejo de participar da Igreja surgiu ainda na juventude. "Fiz vestibular de Direito na PUC, mas depois de um ano decidi abandonar o curso para entrar no seminário", conta o religioso. "Eu me formei em teologia, mas com o tempo percebi que minha vocação seria a de constituir uma família."
Meletti se casou, teve três filhos e seguiu carreira como professor de Ensino Religioso. Quando a primeira turma de diáconos começou a ser formada em São Paulo, decidiu participar do curso. "Aquilo reacendeu em mim uma vocação. Eu me senti identificado com o chamado."
Ao lado de Dom Manuel Parrado Carral, bispo da região da Sé, Meletti comanda atualmente a paróquia de São Vito - uma situação incomum na cidade. "Faço batizados, casamentos e a celebração da palavra. A paróquia não tem um padre, mas um diácono e um bispo", explica.
Na celebração da palavra - que não se confunde com a missa - Meletti administra a comunhão, mas as hóstias são consagradas previamente por um padre ou por um bispo. "O povo ainda está se adaptando. As pessoas muitas vezes ainda me confundem com os padres", confirma.
Crise
Por muitos anos, a dificuldade para atrair seminaristas, considerando o aumento da população brasileira, foi vista como uma crise de vocações no país. Em 1970, havia um padre para cada 7.114 pessoas. Em 2001, a relação já era de um sacerdote para 10.041 habitantes. Neste período, a quantidade de sacerdotes cresceu, mas não acompanhou a demanda. Atualmente, existem mais de 18 mil padres para uma população de 188 milhões de pessoas.
Apesar disso, Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, diz que as vocações não são mais um grande problema para a Igreja. "Nós temos hoje muito mais vocações que na década de 1980 ou na de 1990", afirmou recentemente, durante sabatina no jornal Folha de S.Paulo. Segundo ele, a maior preocupação é com o aumento do número de pessoas que declaram não ter nenhuma religião. "As vocações dentro da Igreja têm a ver com o maior apreço ou o menor apreço à fé", defende.
E nem mesmo o celibato clerical é visto como uma dificuldade. "Antes da ordenação, os seminaristas têm isso muito claro. Se querem o celibato, serão padres. Se não querem, não serão", disse Dom Odilo.
Uma das principais diferenças do diaconato está justamente no celibato. Assim como os pastores evangélicos, os diáconos católicos podem ser casados, embora a Igreja não permita o segundo casamento. "O diaconato é uma vocação antiga, que foi restaurada recentemente. Assim como os padres, os diáconos são chamados para servir a Igreja", resume Odelcio Costa, da CND.
A expansão coincide com a dificuldade da Igreja em formar novos padres, em um contexto de crescimento da população. Embora tenha limitações, o diácono pode realizar batizados, fazer casamentos e promover a celebração da palavra. E com uma diferença: ele é um homem comum, geralmente casado, com filhos e uma profissão. "De um lado, há uma demanda por parte da Igreja. A população cresce, mas novas ordenações não ocorrem. O diaconato surge como uma tentativa de responder à falta de ministros ordenados", analisa Wagner Sanchez, professor do departamento de teologia e ciências da religião da PUC-SP.
FUNÇÃO FOI RESGATADA |
---|
Ao contrário do que se pensa, a figura do diácono não é nova na Igreja católica. A função foi instituída ainda pelos apóstolos como uma alternativa para atender comunidades que careciam de orientação.
Tecnicamente, existem dois tipos de diáconos: o permanente, que é casado, tem filhos e exerce funções específicas dentro da hierarquia, e o transitório, representado pelo seminarista que recebe o primeiro Sacramento da Ordem e prepara-se para se tornar padre. No século 5º, a figura do diácono permanente - aquele que não se tornará padre - desapareceu da Igreja. De acordo com Odelcio Calligaris da Costa (foto), presidente da Comissão Nacional dos Diáconos, a função somente foi resgatada pelo Concílio Vaticano 2º, quando o papa Paulo 6º abriu a possibilidade das dioceses em todo o mundo formarem novos religiosos. No Brasil, a formação do diácono permanente varia conforme a diocese. Em São Paulo, exige-se que o candidato tenha pelo menos 35 anos de idade e dez anos de casado. Além disso, é preciso ter o consentimento da esposa. Algumas dioceses levam em conta o grau de instrução do religioso e até sua situação econômica, já que, como diácono, ele não recebe nenhum tipo de salário da Igreja. No dia-a-dia, apesar de suas vestimentas serem semelhantes às do padre, o diácono permanente utiliza uma estola que atravessa seu peito transversalmente, o que facilita a identificação. |
"Aos sábados, sou eu quem realiza batizados e casamentos", confirma Francisco Carlos Kumagai, diácono da paróquia de Santa Cecília, no centro de São Paulo. Com 47 anos, casado e com dois filhos, Kumagai é formado em psicologia e professor de ensino religioso. Nas cerimônias, veste roupas que fazem lembrar as de um padre, o que muitas vezes confunde os fiéis. "As pessoas ainda não estão acostumadas, mas eu faço questão de explicar que sou um diácono - e não um padre - e que faço parte da estrutura da Igreja."
O diácono Odelcio Calligaris da Costa, presidente da Comissão Nacional dos Diáconos (CND), órgão ligado à CNBB, confirma que os fiéis ainda se confundem. "Mas o diácono não é um substituto do padre. Ele está ali para ajudar, e não para substituir", afirma.
Vocação
Sob o ponto de vista teológico, o católico tem sua vocação para o diaconato despertada pelo Espírito Santo. Nas paróquias, normalmente os padres indicam as pessoas que, dentro da comunidade, têm o perfil para assumir a função.
Para se tornar diácono, é necessário cumprir algumas exigências e passar por um curso. As regras variam em cada diocese, mas no geral é preciso ter mais de 35 anos, estar casado há pelo menos cinco anos, ter uma vida eclesial e matrimonial exemplares e freqüentar pelo menos três anos de um curso de formação em teologia. Além disso, a esposa precisa autorizar, por escrito, a ordenação. Em caso de falecimento posterior da mulher, o diácono não pode se casar novamente. Em muitos casos, o diaconato surge como uma alternativa para quem deseja, mesmo casado, participar da estrutura da Igreja.
VOCAÇÕES NO BRASIL | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| |||||||||||||||
Fontes: Ceris e FGV |
Meletti se casou, teve três filhos e seguiu carreira como professor de Ensino Religioso. Quando a primeira turma de diáconos começou a ser formada em São Paulo, decidiu participar do curso. "Aquilo reacendeu em mim uma vocação. Eu me senti identificado com o chamado."
Ao lado de Dom Manuel Parrado Carral, bispo da região da Sé, Meletti comanda atualmente a paróquia de São Vito - uma situação incomum na cidade. "Faço batizados, casamentos e a celebração da palavra. A paróquia não tem um padre, mas um diácono e um bispo", explica.
Na celebração da palavra - que não se confunde com a missa - Meletti administra a comunhão, mas as hóstias são consagradas previamente por um padre ou por um bispo. "O povo ainda está se adaptando. As pessoas muitas vezes ainda me confundem com os padres", confirma.
NO COMANDO DA PARÓQUIA | |
---|---|
|
Por muitos anos, a dificuldade para atrair seminaristas, considerando o aumento da população brasileira, foi vista como uma crise de vocações no país. Em 1970, havia um padre para cada 7.114 pessoas. Em 2001, a relação já era de um sacerdote para 10.041 habitantes. Neste período, a quantidade de sacerdotes cresceu, mas não acompanhou a demanda. Atualmente, existem mais de 18 mil padres para uma população de 188 milhões de pessoas.
Apesar disso, Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, diz que as vocações não são mais um grande problema para a Igreja. "Nós temos hoje muito mais vocações que na década de 1980 ou na de 1990", afirmou recentemente, durante sabatina no jornal Folha de S.Paulo. Segundo ele, a maior preocupação é com o aumento do número de pessoas que declaram não ter nenhuma religião. "As vocações dentro da Igreja têm a ver com o maior apreço ou o menor apreço à fé", defende.
E nem mesmo o celibato clerical é visto como uma dificuldade. "Antes da ordenação, os seminaristas têm isso muito claro. Se querem o celibato, serão padres. Se não querem, não serão", disse Dom Odilo.
Uma das principais diferenças do diaconato está justamente no celibato. Assim como os pastores evangélicos, os diáconos católicos podem ser casados, embora a Igreja não permita o segundo casamento. "O diaconato é uma vocação antiga, que foi restaurada recentemente. Assim como os padres, os diáconos são chamados para servir a Igreja", resume Odelcio Costa, da CND.
Ramon Ripoll / Arzobispado de Barcelona
Catholic.net | Out 15, 2013
Ele pode batizar, abençoar matrimônios, levar o viático aos doentes, presidir funerais, mas não é um padre. Qual é a diferença, então?
Oministério eclesiástico, que é o ministério dos homens dedicados ao serviço de Deus, compreende três diferentes graus do sacramento da ordem sacerdotal: os bispos, os sacerdotes e os diáconos. Dois destes graus participam ministerialmente do sacerdócio de Cristo: a ordem episcopal, correspondente aos bispos, e a ordem do presbiterado, correspondente aos padres.
A ordem do diaconato, segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 1554), destina-se a ajudar e a servir os bispos e presbíteros. Por isso, o termo "sacerdote" designa os bispos e presbíteros, mas não os diáconos.
No entanto, a doutrina católica estabelece que o grau de diaconato é um grau de serviço, estabelecido desde a época dos apóstolos, como testemunham os Atos dos Apóstolos e a Carta de São Paulo a Timóteo:
"Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária. Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus, para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra. Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos." (Atos 6, 1-6)
"Do mesmo modo, os diáconos sejam honestos, não de duas atitudes nem propensos ao excesso da bebida e ao espírito de lucro; que guardem o mistério da fé numa consciência pura. Antes de poderem exercer o seu ministério, sejam provados para que se tenha certeza de que são irrepreensíveis." (I Timóteo 3, 8-10)
Diakonia é a palavra grega que define a função dos diáconos. Esta palavra significa serviço, e é de tanta importância para a Igreja, que se confere por um ato sacramental chamado "ordenação", ou seja, pelo sacramento da Ordem.
Santo Inácio de Antioquia comentou a importância dos diáconos: "Que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, como também o bispo, que é imagem do Pai, e os presbíteros, como o senado de Deus e como a assembleia dos apóstolos: sem eles, não se pode falar de Igreja" (Trall. 3, 1).
Mas qual é o serviço que os diáconos prestam à Igreja?
"Os diáconos participam de modo especial na missão e na graça de Cristo. O sacramento da Ordem marca-os com um selo ('caráter') que ninguém pode fazer desaparecer e que os configura com Cristo, que se fez 'diácono', isto é, o servo de todos. Entre outros serviços, pertence aos diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí-la, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade." (Catecismo da Igreja Católica, 1570)
Entendido desta maneira, o diaconato não é somente um passo intermediário rumo ao sacerdócio, mas oferece à Igreja a possibilidade de contar com uma pessoa de grande ajuda para as tarefas pastorais e ministeriais.
Um diácono pode batizar, abençoar matrimônios, assistir os enfermos com o viático, celebrar a Liturgia da Palavra, pregar, evangelizar e catequizar.
Porém, não pode, ao contrário do sacerdote, celebrar o sacramento da Eucaristia (Missa), confessar nem administrar a unção dos enfermos, mas pode distribuir a Comunhão na Missa e em Celebrações da Palavra.
Com tudo o que ele pode fazer, sua ajuda é importantíssima, especialmente na época atual, na qual faltam tantas pessoas para ajudar os padres em suas tarefas.
Como no caso dos sacerdotes, somente homens batizados recebem validamente a sagrada ordenação para ser diáconos. E isso é assim porque Jesus escolheu homens para formar o colégio dos 12 apóstolos.
No entanto, há uma diferença muito importante entre diáconos e sacerdotes.
Enquanto os sacerdotes ordenados da Igreja latina são geralmente escolhidos entre homens crentes que vivem como celibatários, ou seja, que não se casam e que têm o propósito de guardar o celibato pelo Reino dos Céus, os diáconos podem se casar.
Este diaconato permanente é um enriquecimento importante para a missão da Igreja.
Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja latina restabeleceu o diaconato como um grau particular dentro da hierarquia, enquanto as Igrejas do Oriente sempre o mantiveram assim.
Dessa forma, os homens casados que se dedicam a ajudar a Igreja por meio da vida litúrgica, pastoral ou nas obras sociais e caritativas podem se fortalecer recebendo a ordem do diaconato, unindo-se mais intimamente ao altar, para cumprir seu ministério com maior eficácia, por meio da graça sacramental do diaconato.
Assim, a Igreja Católica, como na parábola do homem que tira algo novo e velho do seu tesouro, está sempre oferecendo formas novas de entrega em sua tarefa de ajudar a humanidade inteira.
A ordem do diaconato, segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 1554), destina-se a ajudar e a servir os bispos e presbíteros. Por isso, o termo "sacerdote" designa os bispos e presbíteros, mas não os diáconos.
No entanto, a doutrina católica estabelece que o grau de diaconato é um grau de serviço, estabelecido desde a época dos apóstolos, como testemunham os Atos dos Apóstolos e a Carta de São Paulo a Timóteo:
"Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária. Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus, para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra. Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos." (Atos 6, 1-6)
"Do mesmo modo, os diáconos sejam honestos, não de duas atitudes nem propensos ao excesso da bebida e ao espírito de lucro; que guardem o mistério da fé numa consciência pura. Antes de poderem exercer o seu ministério, sejam provados para que se tenha certeza de que são irrepreensíveis." (I Timóteo 3, 8-10)
Diakonia é a palavra grega que define a função dos diáconos. Esta palavra significa serviço, e é de tanta importância para a Igreja, que se confere por um ato sacramental chamado "ordenação", ou seja, pelo sacramento da Ordem.
Santo Inácio de Antioquia comentou a importância dos diáconos: "Que todos reverenciem os diáconos como Jesus Cristo, como também o bispo, que é imagem do Pai, e os presbíteros, como o senado de Deus e como a assembleia dos apóstolos: sem eles, não se pode falar de Igreja" (Trall. 3, 1).
Mas qual é o serviço que os diáconos prestam à Igreja?
"Os diáconos participam de modo especial na missão e na graça de Cristo. O sacramento da Ordem marca-os com um selo ('caráter') que ninguém pode fazer desaparecer e que os configura com Cristo, que se fez 'diácono', isto é, o servo de todos. Entre outros serviços, pertence aos diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí-la, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade." (Catecismo da Igreja Católica, 1570)
Entendido desta maneira, o diaconato não é somente um passo intermediário rumo ao sacerdócio, mas oferece à Igreja a possibilidade de contar com uma pessoa de grande ajuda para as tarefas pastorais e ministeriais.
Um diácono pode batizar, abençoar matrimônios, assistir os enfermos com o viático, celebrar a Liturgia da Palavra, pregar, evangelizar e catequizar.
Porém, não pode, ao contrário do sacerdote, celebrar o sacramento da Eucaristia (Missa), confessar nem administrar a unção dos enfermos, mas pode distribuir a Comunhão na Missa e em Celebrações da Palavra.
Com tudo o que ele pode fazer, sua ajuda é importantíssima, especialmente na época atual, na qual faltam tantas pessoas para ajudar os padres em suas tarefas.
Como no caso dos sacerdotes, somente homens batizados recebem validamente a sagrada ordenação para ser diáconos. E isso é assim porque Jesus escolheu homens para formar o colégio dos 12 apóstolos.
No entanto, há uma diferença muito importante entre diáconos e sacerdotes.
Enquanto os sacerdotes ordenados da Igreja latina são geralmente escolhidos entre homens crentes que vivem como celibatários, ou seja, que não se casam e que têm o propósito de guardar o celibato pelo Reino dos Céus, os diáconos podem se casar.
Este diaconato permanente é um enriquecimento importante para a missão da Igreja.
Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja latina restabeleceu o diaconato como um grau particular dentro da hierarquia, enquanto as Igrejas do Oriente sempre o mantiveram assim.
Dessa forma, os homens casados que se dedicam a ajudar a Igreja por meio da vida litúrgica, pastoral ou nas obras sociais e caritativas podem se fortalecer recebendo a ordem do diaconato, unindo-se mais intimamente ao altar, para cumprir seu ministério com maior eficácia, por meio da graça sacramental do diaconato.
Assim, a Igreja Católica, como na parábola do homem que tira algo novo e velho do seu tesouro, está sempre oferecendo formas novas de entrega em sua tarefa de ajudar a humanidade inteira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Commented