dúvida do leitor
O leitor Carlos Cruz envia-nos a seguinte mensagem:
"Segue trecho do 'Migalhas' de 12.9.07: "... mas esqueceu-se das autoridades modernas, que ampliaram a significação desse verbo (deparar)'. Pergunta-se: No trecho mencionado, o 'mas' não seria um 'fator de próclise'? Nesses casos, opto por redigir usando a próclise. Qual é o certo?"
envie sua dúvida
Mas se esqueceu ou Mas esqueceu-se?
1) Indaga um leitor qual o correto:
I) "... mas se esqueceu das autoridades modernas...";
II) "... mas esqueceu-se das autoridades modernas".
E se pergunta se o mas não seria um "fator de próclise".
2) Em termos gerais, quando átono (ou seja, sem autonomia sonora), o pronome (no caso, o se) se "pendura", quanto à pronúncia, no verbo, conforme o melhor som (eufonia):
I) Se vem antes do verbo, há próclise. Ex.: "O advogado não se conteve em audiência";
II) Se vem no meio do verbo, há mesóclise. Ex.: "Realizar-se-á o júri na data prevista";
III) Se vem depois do verbo, há ênclise. Ex.: "Conteve-se o advogado, apesar das ofensas do causídico adversário".
3) Costuma-se dizer que a regra geral é a ênclise, o que significa dizer que o lugar normal para o pronome átono é depois do verbo, a não ser que algo especial aconteça.
4) E esse algo especial que pode acontecer são algumas palavras que, em razão da eufonia, atraem o pronome para antes do verbo:
a) as palavras ou expressões de valor negativo: não, nada, nunca, ninguém, jamais, nem, de modo algum, de jeito nenhum, em hipótese alguma;
b) os advérbios não seguidos de vírgula: aqui, já, lá, muito, talvez, sempre, realmente;
c) os pronomes relativos: que, quem, qual, cujo, onde, como, quando, quanto;
d) os pronomes indefinidos: alguém, tudo, outros, muitos, alguns;
e) os pronomes demonstrativos: este, esse, aquele, esta, essa, aquela, isto, isso, aquilo;
f) as conjunções subordinativas integrantes ou adverbiais: que, quando, se, porque, porquanto, conforme, segundo, consoante, embora, conquanto;
g) as conjunções coordenativas aditivas ou alternativas: não só... mas também, mas ainda, como também, senão também, ou... ou, ora... ora, já... já, seja... seja, quer... quer, talvez... talvez.
5) Confiram-se os seguintes exemplos:
I) Não lhe importavam as calúnias assacadas (palavra negativa);
II) Hoje a encontrei de novo (advérbio);
III) O argumento que o convenceu foi o último mencionado (pronome relativo);
IV) Alguém o convenceu (pronome indefinido);
V) Isso me transforma (pronome demonstrativo);
VI) Quando o encontrou, fugiu (conjunção subordinativa);
VII) Vá de uma vez por todas ou se acalme (conjunção coordenativa alternativa)
6) No exemplo da consulta, tem-se um mas, que é uma conjunção coordenativa, e não uma conjunção subordinativa. Luiz Antônio Sacconi, a esse respeito, anota que as conjunções e, mas, porém, todavia, contudo, logo e portanto não exigem necessariamente a próclise, exatamente porque são conjunções coordenativas, e não subordinativas.1
7) Feitas essas observações, acrescenta-se que, quando se tem uma conjunção coordenativa, exceto as citadas na lista (e não subordinativa, seja integrante ou adverbial), a colocação do pronome é optativa, em próclise ou em ênclise. Ou seja, pode-se fazer o uso indistinto de uma ou de outra colocação.
8) Por isso, de modo específico para o caso da consulta, são corretas ambas as formas:
I) "... mas se esqueceu das autoridades modernas..." (conjunção coordenativa e pronome em próclise);
II) "... mas esqueceu-se das autoridades modernas" (conjunção coordenativa e pronome em ênclise).
O leitor Carlos Cruz envia-nos a seguinte mensagem:
"Segue trecho do 'Migalhas' de 12.9.07: "... mas esqueceu-se das autoridades modernas, que ampliaram a significação desse verbo (deparar)'. Pergunta-se: No trecho mencionado, o 'mas' não seria um 'fator de próclise'? Nesses casos, opto por redigir usando a próclise. Qual é o certo?"
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Mas se esqueceu ou Mas esqueceu-se?
1) Indaga um leitor qual o correto:
I) "... mas se esqueceu das autoridades modernas...";
II) "... mas esqueceu-se das autoridades modernas".
E se pergunta se o mas não seria um "fator de próclise".
2) Em termos gerais, quando átono (ou seja, sem autonomia sonora), o pronome (no caso, o se) se "pendura", quanto à pronúncia, no verbo, conforme o melhor som (eufonia):
I) Se vem antes do verbo, há próclise. Ex.: "O advogado não se conteve em audiência";
II) Se vem no meio do verbo, há mesóclise. Ex.: "Realizar-se-á o júri na data prevista";
III) Se vem depois do verbo, há ênclise. Ex.: "Conteve-se o advogado, apesar das ofensas do causídico adversário".
3) Costuma-se dizer que a regra geral é a ênclise, o que significa dizer que o lugar normal para o pronome átono é depois do verbo, a não ser que algo especial aconteça.
4) E esse algo especial que pode acontecer são algumas palavras que, em razão da eufonia, atraem o pronome para antes do verbo:
a) as palavras ou expressões de valor negativo: não, nada, nunca, ninguém, jamais, nem, de modo algum, de jeito nenhum, em hipótese alguma;
b) os advérbios não seguidos de vírgula: aqui, já, lá, muito, talvez, sempre, realmente;
c) os pronomes relativos: que, quem, qual, cujo, onde, como, quando, quanto;
d) os pronomes indefinidos: alguém, tudo, outros, muitos, alguns;
e) os pronomes demonstrativos: este, esse, aquele, esta, essa, aquela, isto, isso, aquilo;
f) as conjunções subordinativas integrantes ou adverbiais: que, quando, se, porque, porquanto, conforme, segundo, consoante, embora, conquanto;
g) as conjunções coordenativas aditivas ou alternativas: não só... mas também, mas ainda, como também, senão também, ou... ou, ora... ora, já... já, seja... seja, quer... quer, talvez... talvez.
5) Confiram-se os seguintes exemplos:
I) Não lhe importavam as calúnias assacadas (palavra negativa);
II) Hoje a encontrei de novo (advérbio);
III) O argumento que o convenceu foi o último mencionado (pronome relativo);
IV) Alguém o convenceu (pronome indefinido);
V) Isso me transforma (pronome demonstrativo);
VI) Quando o encontrou, fugiu (conjunção subordinativa);
VII) Vá de uma vez por todas ou se acalme (conjunção coordenativa alternativa)
6) No exemplo da consulta, tem-se um mas, que é uma conjunção coordenativa, e não uma conjunção subordinativa. Luiz Antônio Sacconi, a esse respeito, anota que as conjunções e, mas, porém, todavia, contudo, logo e portanto não exigem necessariamente a próclise, exatamente porque são conjunções coordenativas, e não subordinativas.1
7) Feitas essas observações, acrescenta-se que, quando se tem uma conjunção coordenativa, exceto as citadas na lista (e não subordinativa, seja integrante ou adverbial), a colocação do pronome é optativa, em próclise ou em ênclise. Ou seja, pode-se fazer o uso indistinto de uma ou de outra colocação.
8) Por isso, de modo específico para o caso da consulta, são corretas ambas as formas:
I) "... mas se esqueceu das autoridades modernas..." (conjunção coordenativa e pronome em próclise);
II) "... mas esqueceu-se das autoridades modernas" (conjunção coordenativa e pronome em ênclise).
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