Geomorfologia
O que é e para que serve a Geomorfologia?
A Geomorfologia corresponde a uma ciência que tem como objeto de estudo as irregularidades da superfície terrestre, ou simplesmente as diferentes formas do relevo.
Serve para mostrar a importância do estudo do relevo para os diferentes campos do conhecimento (planejamento urbano e regional, análise ambiental...), evidenciando a estreita relação com a Geografia e no contexto geográfico, considerando sua contribuição no processo de ordenamento territorial.
Geomorfologia do planeta Terra
Foram encontrados no Brasil e na África fósseis de plantas e de animais muito semelhantes. As reservas de carvão dos EUA, Sibéria e China têm propriedades muito parecidas. Isto não é coincidência. Foi explicada pela primeira vez por Wegener e sua teoria da Deriva Continental.
No final do período Carbonífero, existia uma única e imensa massa continental denominada Pangea (Pangeia). Na Pangea, a América do Norte estava ligada à Eurásia, e a América do Sul ligada a Ásia. A Austrália e a Antártida estavam unidas ao mesmo conjunto, e a Índia, por sua vez, estava perfeitamente encaixada entre a África e a Austrália.
Configuração da Pangea
A divisão iniciou mais ou menos no período Jurássico, formando dois super continentes: a Laurásia e a Gondwana. No início do período Terciário, a América do Sul separou-se da África e, a seguir, a América do Norte, da Laurásia. A Índia se mantinha em seu deslocamento em direção à Ásia. A Austrália e a Antártida mantinham-se ligadas.
A configuração moderna dos continentes se deu há 65 milhões de anos atrás, com a junção das Américas, a separação da Austrália e Antártida e a Índia se chocando com a Ásia. Os continentes ficaram separados pelos oceanos.
A Teoria da Deriva Continental deu lugar então à Teoria da Tectônica das Placas, que além de consolidar as ideias de Wegener, permitiu através dela explicar como esse processo ocorreu. Com o mapeamento das dorsais marinhas, onde coincide com as áreas de vulcanismo e de terrenos, criou-se a teoria de que a crosta terrestre está dividida em placas, que interagem umas com as outras, gerando os mais variados fenômenos.
Mapa com as principais placas tectônicas
Placas tectônicas
As placas tectônicas são os imensos blocos que formam a camada sólida externa do nosso planeta, sustentando os continentes e os oceanos.
Essas placas são impulsionadas pelo movimento do magma incandescente no interior da Terra.
Ilustração dos blocos que formam a camada sólida externa do nosso planeta
Zonas de subducção ou limites convergentes
A litosfera (camada da Terra que compõe a sua superfície sólida) é constituída por placas semirrígidas que derivam umas em relação às outras sobre a astenosfera subjacente (uma camada parcialmente fundida no manto).
Esse processo é conhecido como Tectônica de Placas. Quando duas placas se separam, formam os rifts (fendas) na crosta.
Litosfera
Rift/Rifte
No meio dos oceanos, esse movimento resulta na expansão dos fundos oceânicos e na formação de cadeias oceânicas nos continentes.
Ilha de Trindade - Ilha Vulcânica localizada na Cadeia Vitória - Trindade fica a 1.167 quilômetros de Vitória (ES) e a 2.400 quilômetros da África
Quando as placas se movem uma em direção à outra, pode ocorrer a subducção. As zonas de subducção são aquelas onde as placas tectônicas convergem e colidem. Uma delas sempre mergulha por debaixo da outra e retorna à astenosfera.
Subducção de placa oceânica
Movimento das placas
Existem placas que transportam continentes e outras que estão submersas compondo parte dos assoalhos dos oceanos. Essas placas deslocam-se, deslizando sobre o manto pastoso. A direção do deslocamento é condicionada pelas correntes de convenção do magma.
As placas tem uma particularidade quanto ao seu tamanho: quanto mais alto for o bloco continental, maior será a sua raiz subterrânea. O nome que se dá a essa propriedade é equilíbrio isostático.
Esse movimento das placas tectônicas transforma lentamente o contorno do relevo terrestre, elevando cordilheiras e abrindo abismos marinhos. Outra consequência desse fenômeno (causado pelo encontro das placas) são os terremotos e tsunamis (ondas gigantescas).
Tsunami gerado por terremoto atingindo a cidade japonesa Naoto Kan, em 2011
Principais placas tectônicas
As principais placas tectônicas são: Placa do Pacífico, Placa de Nazca, Placa Sul-Americana, Placa Norte-Americana, Placa da África, Placa Antártica, Placa Indo-Australiana, Placa Euroasiática Ocidental, Placa Euroasiática Oriental, Placa das Filipinas.
Confira a seguir a descrição de cada uma delas.
Placa do Pacífico
A maior placa oceânica - são cerca de 70 milhões de quilômetros quadrados - está em constante renovação na região do Havaí, onde o magma sobe e cria ilhas vulcânicas. No encontro com a placa das Filipinas, a placa afunda em uma região conhecida como fossa das Marianas, onde o oceano atinge sua profundidade máxima: 11 034 metros.
Placa de Nazca
A cada ano, essa placa de 10 milhões de quilômetros quadrados no leste do oceano Pacífico fica 10 centímetros menor, pelas colisões com a placa sul-americana. Esta, por ser mais leve, desliza por cima da placa de Nazca, gerando vulcões e elevando mais as montanhas dos Andes.
Placa Sul-Americana
Como o Brasil está bem no meio desse bloco de 32 milhões de quilômetros quadrados, sente pouco os efeitos de terremotos e vulcões. No centro do continente, a placa mede 200 quilômetros de espessura. Na borda com a placa da África, os terrenos mais jovens não passam de 15 quilômetros.
Placa da América do Norte e do Caribe
Com 70 milhões de quilômetros quadrados, engloba toda a América do Norte e Central. O deslocamento horizontal em relação à placa do Pacífico cria uma fronteira turbulenta: em um dos limites, na Califórnia, está a falha de San Andreas, conhecida pelos terremotos arrasadores.
Placa da África
No meio do Atlântico, uma falha submersa abre caminho para o magma do manto inferior, fazendo com que esse bloco se afaste progressivamente da placa sul-americana - com quem formava um continente único há 135 milhões de anos - e cresça de tamanho. A tendência é passar os 65 milhões de quilômetros quadrados atuais.
Placa da Antártida
A parte leste da placa, que há 200 milhões de anos estava junto de Austrália, África e Índia, chocou-se com pelo menos cinco placas menores que formavam o lado oeste. O resultado é um bloco que dá suporte à Antártida e a uma parte do Atlântico Sul, em um total de 25 milhões de quilômetros quadrados.
Placa Indo-Australiana
O bloco de 45 milhões de quilômetros quadrados que sustenta a Índia, a Austrália, a Nova Zelândia e a maior parte do oceano Índico dirige-se velozmente para o norte. Além do subcontinente indiano se chocar com a Ásia, a borda nordeste bate na placa das Filipinas, criando novas ilhas nesta região.
Placa Euroasiática Ocidental
Sustenta a Europa, parte da Ásia, do Atlântico Norte e do mar Mediterrâneo. Na colisão com a placa indo-australiana, nasceu o conjunto de montanhas do Himalaia, no sul da Ásia, onde há mais de 100 montanhas com altitudes superiores a 7 mil metros. Sua área total é de 60 milhões de quilômetros quadrados.
Placa Euroasiática Oriental
Em seu movimento para o leste, esse bloco de 40 milhões de quilômetros quadrados choca-se contra a placa das Filipinas e com a do Pacífico, na região onde fica o Japão. O encontro triplo é tumultuado e dá origem a uma das áreas do globo com maior índice de terremotos e vulcões.
Placa das Filipinas
Essa pequena placa de apenas 7 milhões de quilômetros quadrados concentra em seus limites quase a metade dos vulcões ativos do planeta. Colisões com a placa euroasiática oriental causam terremotos e erupções arrasadoras, como a do monte Pinatubo (Filipinas), em 1991, considerada uma das mais violentas dos últimos 50 anos.
Monte Pinatubo durante a erupção de 1991
Relevo
O que é relevo?
O relevo consiste nas formas da superfície do planeta, podendo ser influenciado por agentes internos e externos.
Em termos mais simples, é a modelagem da crosta terrestre. Seus termos relacionados referem-se às diferenças, tanto de forma como de altitude, em relação ao nível do mar. Esses termos também estão relacionados com sua constituição, origem, estágio, idade, e assim por diante.
Tipos de relevo
Os tipos de relevo são os aspectos da superfície do globo terrestre. A constituição das diferentes formas de relevo se deve à ação dos agentes internos ou endógenos - que acentuam o relevo - e também dos agentes externos ou exógenos - que atenuam e esculpem o relevo. O relevo pode apresentar diversas formas. As principais são: cadeias de montanhas, serras, planaltos, planícies e depressões.
Montanhas
São elevações do terreno, geralmente formadas por agrupamentos de morros. Em sua maioria, são formadas por agentes internos. Entretanto, existem montanhas que, por serem muito antigas, não estão mais em processos de construção, e sim de erosão. Podem apresentar consideráveis altitudes, relevo acidentado e a formação de vales. Estão ligadas a planaltos que sofreram falhamentos.
A Cordilheira do Himalaia é a mais alta cadeia de montanhas do mundo
Serra
São relevos alongados com topos irregulares, às vezes isolados. São alinhamentos de montanhas antigas que sofrem um processo acentuado de erosão, e que mais tarde sofrem um processo de falhamento.
Serra do Rio Grande do Sul
Planalto
Superfícies elevadas, com ondulações suaves, destacando-se em relação às áreas limítrofes. São normalmente delimitados por escarpas. A principal característica de um planalto é que o processo de erosão supera o de sedimentação. Os planaltos típicos são de estrutura sedimentar, podendo ser formados também pela elevação de blocos magmáticos.
Planalto Central do Brasil, que compreende alguns estados brasileiros, entre eles
Goiás, Minas Gerais, Tocantins (parcialmente), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Planícies
Superfícies planas, de baixas altitudes, sendo que a principal característica é justamente a contrária dos planaltos: o processo de sedimentação supera o de erosão. Podem ser caracterizadas de acordo com o agente responsável por sua formação: planície costeira ou marinha, fluvial, lacustre e glacial.
Planície Argentina
Depressões
São áreas rebaixadas em relação aos relevos circundantes. Sua origem pode estar ligada a processos de erosão ou de afundamentos provocados por falhamentos.
Depressão localizada em Ponta Delgada, nos Açores
Outros tipos de relevos
- Dorsais oceânicas: Também chamada dorsal submarina, dorsal meso-oceânica ou crista média oceânica, é o nome dado às grandes cadeias de montanhas submersas no oceano, que se originam do afastamento das placas tectônicas.
- Fossa oceânica: são as regiões mais fundas dos oceanos. São grandes depressões que se formam abaixo do talude continental, em zonas de encontro de placas tectônicas, onde uma dessas placas mergulha sob a outra.
- Planície abissal: é o nome dado as extensas zonas oceânicas de superfície horizontal situadas a uma profundidade entre os 4000 e 5000 metros.
- Ilha: é um prolongamento do relevo, localizada numa depressão absoluta preenchida por água em toda sua volta.
- Vulcões submarinos: são fissuras no fundo oceânico, das quais pode haver erupção do magma.
- Talude continental: é a porção do fundo oceânico com declive muito acentuado. Fica entre a plataforma continental e a margem continental.
- Plataforma continental: é a porção do fundo oceânico que tem início na linha de costa e desce com um declive suave até o talude continental. Em média, a plataforma continental desce até uma profundidade de 200 metros.
Agentes modeladores do relevo
Para que os diversos tipos de relevo se formem, é necessária a existência de agentes que modelem este relevo.
Também conhecidos como "escultores" do relevo, os agentes modeladores são forças que agiram no decorrer de milhões de anos, formando o relevo terrestre. Estão divididos em dois tipos: externos e internos.
Os agentes internos são processos estruturais que atuam do interior para o exterior: tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos. Os agentes externos que modelam o terreno são processos estruturais que atuam na paisagem terrestre de forma contínua e incessante. Logo, são aqueles que agem acima do relevo, ou seja, sobre a superfície (exemplo: intemperismo, chuvas, geleiras, etc).
Clique nos links a seguir para saber mais sobre cada um dos agentes.
- Tectonismo
- Vulcanismo
- Abalos sísmicos ou terremotos
- Intemperismo
- Enxurradas
- Geleiras
- Abrasão marinha
Agentes modeladores do relevo
Tectonismo
O tectonismo, também conhecido por diastrofismo, consiste em movimentos decorrentes de pressões vindas do interior da Terra, agindo na crosta terrestre.
Quando as pressões são verticais, os blocos continentais sofrem levantamentos, abaixamentos ou sofrem fraturas ou falhas.
Quando as pressões são horizontais, são formados dobramentos ou enrugamentos que dão origem às montanhas.
As consequências do tectonismo podem ser várias, como por exemplo a formação de bacias oceânicas, continentes, platôs e cadeias de montanhas.
Para saber mais sobre tectonismo, clique aqui.
Agentes modeladores do relevo (continuação)
Vulcanismo
É a ação dos vulcões. Chamamos de vulcanismo o conjunto de processos através dos quais o magma e seus gases associados ascendem através da crosta e são lançados na superfície terrestre e na atmosfera.
Os materiais expelidos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, e são acumulados em um depósito sob o vulcão, até que a pressão faça com que ocorra a erupção.
As lavas escorrem pelo edifício vulcânico, alterando e criando novas formas na paisagem. A maioria dos vulcões da Terra está concentrada no Círculo de Fogo do Pacífico, desde a Cordilheira dos Andes até as Filipinas.
Abalos sísmicos ou terremotos
Um terremoto ou sismo é um movimento súbito ou tremor na Terra causado pela liberação abrupta de esforços acumulados gradativamente. Esse movimento propaga-se pelas rochas através de ondas sísmicas (que podem ser detectadas e medidas pelos sismógrafos).
O ponto do interior da Terra onde se inicia o terremoto é o hipocentro ou foco. O epicentro é o ponto da superfície terrestre onde ele se manifesta. A intensidade dos terremotos é dada pela Escala Richter, que mede a quantidade de energia liberada em cada terremoto.
Agentes modeladores do relevo (continuação)
Intemperismo
O intemperismo, também conhecido como meteorização, é o conjunto de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e a decomposição das rochas.
No caso da desintegração mecânica (ou física), as rochas podem partir-se sem que sua composição seja alterada.
Nos desertos, as variações de temperatura acabam partindo as rochas, assim como nas zonas frias, onde a água se infiltra nas rachaduras das rochas.
Não podemos confundir intemperismo com erosão, pois esta implica em transporte de material.
O intemperismo se diferencia do metamorfismo (transformações sofridas pelas rochas, quando submetidas ao calor/temperatura, pressão, os fluidos e o tempo) porque incide na pressão e temperatura ambientes, enquanto as transformações metamórficas ocorrem em pressão e temperatura mais elevadas.
Os produtos do intemperismo são muito variáveis. No geral, as rochas e minerais vão sendo intemperizadas da superfície para baixo. Logo, num mesmo local podemos ter materiais em níveis de alteração bem distintos, o que atribui ao conjunto um aspecto diferenciado.
Na superfície, temos um material em estado avançado de desagregação e decomposição, diferentemente do material mais profundo, onde pode se encontrar uma mistura de material não alterado com material alterado. Ao conjunto do material alterado, independente do seu estado, damos o nome de regolito ou manto de decomposição.
Ao material superficial, em estado avançado de alteração e lixiviação, associado à matéria orgânica, damos o nome de solo. Como o intemperismo depende do clima e do relevo, o solo e o regolito são sempre o produto da interação do clima com as rochas. Uma mesma rocha, em climas diferentes, produzirá solos distintos.
Para fins de estudo, podemos dividir o intemperismo em dois tipos: físico e químico.
Na prática esta divisão é problemática, pois os dois processos ocorrem juntos, apesar de muitas vezes um se sobrepor ao outro, dependendo dos fatores clima e relevo.
Intemperismo físico
- Esse processo causa uma desagregação da rocha em fragmentos cada vez menores, mas com as mesmas estruturas químicas. Portanto, não há decomposição de rocha.
- Temperatura - minerais sofrem dilatação.
- Cristalização de sais - sal trazido pela maresia.
- Atividades biológicas - raízes de árvores que penetram no solo.
Tipos de intemperismo físico
Intemperismo termal: ocorre devido à variação de temperaturas nas rochas e é bem comum em locais de climas secos, sejam lugares quentes ou frios. Quando a temperatura está muito quente, as rochas tendem a expandir e quando faz frio se contraem. Isso enfraquece as estruturas das rochas e ajuda a fazer com que elas se fragmentem. Também temos que considerar que os minerais que compõem as rochas têm coeficientes de dilatação diferentes entre si, o que facilita a fragmentação das rochas.
Intemperismo mecânico: ocorre em razão de vários fatores, entre os quais a dissolução de água em geleiras e também a sua cristalização em fraturas que provocam o esfacelamento dos blocos de rochas pelo aumento do volume de água da mesma. Os sais então se precipitam e fazem com que o volume das fissuras de rochas, assim como os minerais, aumente.
Intemperismo Físico (mecânico)
Intemperismo Químico (água/umidade)
- Ocorre a decomposição da rocha e alteração da sua constituição.
O intemperismo químico depende da região em que ele está ocorrendo. Ou seja, fatores como o clima, vegetação, pluviosidade, entre outros, estão diretamente ligados com o quanto de intemperismo irá ocorrer. As regiões intertropicais são mais favoráveis para a ocorrência desse fenômeno.
Tipos de intemperismo químico
Dentro do grande grupo do intemperismo químico, podemos fazer subdivisões de acordo com os agentes desse processo:
Intemperismo de oxidação: trata-se da mudança do estado de oxidação de um elemento através da reação com o oxigênio. Esse tipo de reação destrói a estrutura cristalina do mineral.
Intemperismo de hidratação: nesse processo, através da incorporação da água na estrutura, é formado um novo mineral.
Intemperismo de dissolução: trata-se da solubilização completa de minerais por ácidos.
Intemperismo de hidrólise: pelo fato de as rochas serem compostas em grande parte por Silicatos, quando entram em contato com a água sofrem o processo de hidrólise e disso resulta uma solução alcalina.
Intemperismo de acidólise: é a reação de decomposição dos minerais em ambientes frios. Nesses casos, a decomposição da matéria orgânica é incompleta, e por isso mesmo forma ácidos orgânicos que diminuem de forma significativa o pH das águas e acabam complexando e solubilizando o Fe e o Al.
Intemperismo biológico: acontece pela ação das bactérias que produzem a decomposição biótica dos materiais orgânicos. A grande importância desse tipo de Intemperismo é que ele produz um dois solos mais férteis do mundo. É um processo bastante comum na Rússia e Ucrânia.
Intemperismo químico
Fatores que influenciam o intemperismo
Alguns fatores tornam mais favoráveis as condições para a ocorrência do intemperismo. São eles:
- Clima: pode ser classificado como o principal agente do intemperismo, pois é ele quem determina a quantidade de chuvas que atingirão as rochas, bem como a temperatura do local em que as mesmas estão. A chuva e a temperatura modificam as rochas quimicamente, e os ventos, também obra do clima, causam alterações físicas.
- Relevo: tem um papel muito importante como agente do intemperismo, pois a sua inclinação decidirá quão intenso será o contato da água das chuvas com as rochas. Nos casos de terrenos mais íngremes, a infiltração da água no solo será baixa. Já em terrenos mais planos, será maior. Isso é importante pois, quanto mais tempo em contato com a água, mais reações químicas ocorrerão nas rochas.
Diferença entre intemperismo e erosão
- Intemperismo: provoca alteração nas rochas.
- Erosão: desgasta a superfície e faz o transporte de material e deposição.
Agentes modeladores do relevo (continuação)
Erosão
Erosão é o deslocamento de material desgastado pelo intemperismo de uma área para outra, diferente de seu local de formação.
- Transporte (pela água, na forma de rios, enxurradas, ou mesmo nos oceanos, pelas ondas, marés e correntes, vento ou geleiras);
- Sedimentação, que ocorre quando o agente de transporte não tem mais energia para continuar a carregar o material.
Erosão - Ponte Natural, Bryce Canyon - Uma vez quebrada a rocha por causa da degradação, os pequenos pedaços podem ser movidos pela água, gelo, vento, ou gravidade.
No decorrer do longo tempo geológico - 4 bilhões e 600 milhões de anos, a idade da terra – os processos naturais foram acontecendo e deixando marcas em rochas e em demais formações geológicas.
Temos no Brasil algumas grandes bacias sedimentares, que receberam sedimentos erodidos a partir de áreas mais altas. É o caso da Bacia do Paraná, Bacia do Parnaíba, Bacia Amazônica e de outras bacias menores.
Bacias sedimentares no Brasil
Como a sedimentação nessas bacias ocorreu durante muito tempo, as camadas inferiores foram suficientemente soterradas para que se transformassem em rocha dura: as rochas sedimentares.
O homem contribui muito com ações que aceleram o processo de erosão, como por exemplo:
- Desmatamento, desprotegendo o solo da chuva;
- Construção de habitações/favelas em encostas, além de desmatar, causando a aceleração da erosão devido ao declive do terreno;
- Técnicas agrícolas inadequadas, quando se promovem desmatamentos extensivos para dar lugar a áreas plantadas;
- Ocupação do solo, impedindo grandes áreas de terrenos de cumprirem o seu papel de absorvedor de águas, aumentando assim a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial.
Construções em encostas
Erosão em estrada rural
Desmatamentos e destruições de florestas
Tipos de erosão
Os tipos de erosão podem ser determinados com base em seus agentes formadores e nos processos de constituição e desgaste dos solos. Podemos destacar:
Erosão pluvial: ocasionada pela ação da água das chuvas. Em geral, qualquer desgaste do solo ocasionado pelas precipitações pode ser classificado como erosão pluvial, porém nas áreas onde o terreno é menos protegido pela vegetação e outros elementos, os efeitos da ação da água podem ser mais intensamente sentidos.
Erosão pluvial em área agrícola
Erosão eólica: causada pela ação dos ventos, que lentamente vão esculpindo as rochas e transportando as partículas dos solos.
Formação rochosa esculpida pela ação dos ventos
Erosão marinha: acontece quando as rochas ou o solo litorâneo são desgastados pela água das ondas do mar. É um processo natural e que se transforma em problema quando habitações ou estradas são erguidas em áreas ocasionalmente ocupadas pelas ondas.
Erosão Marinha
Erosão glacial: é o tipo de erosão movida pela ação do gelo, tanto da neve quanto das geleiras. Na maioria das vezes, ocorre porque as variações de temperatura congelam e descongelam a água, que se dilata e se comprime, afetando as rochas e os solos. Outras formas de movimentação do gelo, como as avalanches, também agem nesse processo.
Erosão glacial
Erosão fluvial: é o desgaste provocado pelo leito dos rios, tanto quando eles se excedem e avançam sobre as margens, como quando a vegetação ciliar é retirada e desprotege o relevo ao redor dos cursos d´água.
Erosão ocasionada pela retirada da mata ciliar nas margens de um rio
Erosão geológica: é também conhecida como erosão natural ou que não sofreu a interferência do homem. Atua modelando as paisagens, com uma combinação de vários outros tipos de ações erosivas.
Erosão geológica - modelagem de um vale ou de um canyon pelas águas e pelos ventos
O ser humano pode gerar o que se costuma chamar de ação antrópica. Além disso, os demais seres vivos também colaboram de alguma forma para modelar o relevo terrestre. As plantas, por exemplo, têm um papel importantíssimo na proteção do solo: fornecem matéria orgânica e impedem a sua destruição.
Agentes modeladores do relevo (continuação)
Enxurradas
Enxurrada é uma grande quantidade de água que corre com violência, resultante de chuvas abundantes.
Essa violência das águas tem um grande poder erosivo. Em terrenos inclinados, sem cobertura vegetal, as enxurradas podem desenhar desde sulcos superficiais até outros mais profundos, chamados ravinas.
No Brasil, a ação combinada das enxurradas e das águas subterrâneas causa as voçorocas, enormes buracos que destroem trechos de terra cultiváveis, prejudicando a agricultura.
Agentes modeladores do relevo (continuação)
Geleiras
São extensas massas de gelo que começam a se formar em locais muito frios, devido ao não derretimento da neve durante o verão.
O peso das camadas de neve acumuladas durante invernos seguidos acaba por transformá-la em gelo.
Quando essa massa de gelo se desloca, realiza um trabalho de erosão nas rochas que as cercam, formando vales em forma de U.
Agentes modeladores do relevo (continuação)
Abrasão marinha
É a erosão provocado pelo mar, devido à ação contínua das ondas que atacam a base e os paredões rochosos do litoral.
Esse fenômeno acaba causando o desmoronamento de blocos de rochas e o consequente afastamento desses paredões.
Daí originam-se as costas altas que são chamadas de falésias, como por exemplo aquelas existentes no nordeste, formadas por rochas sedimentares (barreiras).
O relevo brasileiro
Classificações
O relevo do Brasil tem formação antiga e atualmente existem várias classificações para o mesmo. Entre elas, destacam-se as dos seguintes professores:
- Aroldo de Azevedo - esta classificação data de 1940, sendo a mais tradicional. Ela considera principalmente o nível altimétrico para determinar o que é um planalto ou uma planície.
- Aziz Nacib Ab'Saber - criada em 1958, esta classificação despreza o nível altimétrico, priorizando os processos geomorfológicos, ou seja, a erosão e a sedimentação. Assim, o professor considera planalto como uma superfície na qual predomina o processo de desgaste, enquanto planície é considerada uma área de sedimentação.
- Jurandyr Ross - é a classificação mais recente, criada em 1995. Baseia-se no projeto Radambrasil, um levantamento feito entre 1970 e 1985, onde foram tiradas fotos aéreas da superfície do território brasileiro, por meio de um sofisticado radar. Jurandyr também utiliza os processos geomorfológicos para elaborar sua classificação, destacando três formas principais de relevo:
1) Planaltos
2) Planícies
3) Depressões
Segundo essa classificação, planalto é uma superfície irregular, com altitude acima de 300 metros e produto de erosão. Planície é uma área plana, formada pelo acúmulo recente de sedimentos.
Por fim, depressão é uma superfície entre 100 e 500 metros de altitude, com inclinação suave, mais plana que o planalto e formada por processo de erosão. A figura a seguir mostra essa representação do relevo brasileiro.
Veja a seguir outro mapa que representa o relevo brasileiro, mostrando algumas das regiões mais conhecidas do mesmo.
Localização geográfica dos planaltos e planícies do Brasil
No relevo brasileiro, predominam os planaltos - o das Guianas e o Brasileiro, subdivido em Atlântico, Central, Meridional e Sul-Rio-Grandense.
As regiões de 201 a 1200 m de altitude ocupam 58,46% do território. As regiões acima de 1200 m representam apenas 0,54% da superfície.
O Planalto das Guianas ocupa o norte do país e estende-se pelos países vizinhos. Divide-se em escarpa serrana e planalto norte amazônico.
Planalto das Guianas
Na fronteira Amazonas/Venezuela, destaca-se a Serra Imeri, onde estão os dois pontos mais elevados do território brasileiro: os picos da Neblina com 3014 m e 31 de Março com 2992 m.
Picos da Neblina e 31 de Março
Planaltos
O planalto brasileiro, em razão de sua extensão e diversidade, é dividido em quatro partes:
- Planalto atlântico: ocupa o litoral desde a divisa Ceará/Piauí até o norte do Rio Grande do Sul. Na Região Nordeste prevalecem altitudes entre 200 e 500 metros, com ênfase para as chapadas e serras. Na Região Sudeste, tem suas maiores altitudes médias e surgem "mares de morros", com formações características de "meias laranjas" e "pães de açúcar" .
"Mares de morros" - Serra do Espinhaço - estendem-se pelos estados de Minas Gerais e Bahia
- Planalto central: domina a região centro-oeste do país. É formado por planaltos sedimentares (chapadas) e planaltos cristalinos bastante antigos e desgastados. Apresenta solo muito ácido e pouco fértil.
Chapadas do Planalto Central
- Planalto meridional: ocupa a maior parte da bacia dos rios Paraná e Uruguai, nas regiões Sudeste, Sul e extremidade sul do Centro-Oeste. Sua formação é basicamente por terrenos sedimentares, recobertos parcialmente por derrames de lavas basálticas (Era Mesozoica). Divide-se em duas partes:
- Depressão periférica, com terrenos areníticos, na divisa com o Planalto Atlântico;
- Planalto arenito-basáltico, formado por camadas alternadas de arenitos e lavas basálticas. Entre eles surgem paredões abruptos, as chamadas cuestas. O relevo é suavemente inclinado em direção ao Rio Paraná, a oeste.
Cuestas do Paraná
- Planalto sul-rio-grandense: localiza-se no extremo sul do Rio Grande do Sul, também conhecido como Campanha Gaúcha. Apresenta relevo bem suave e poucas colinas recobertas por gramíneas.
Campanha Gaúcha
Planícies
- Planície do pantanal: ocupa a depressão em que correm o Rio Paraguai e seus afluentes. Sua formação recente (Quaternário) apresenta baixa declividade, provocando grandes enchentes. As partes baixas, ocupadas por lagoas, são chamadas de baías, e as partes altas de cordilheiras. Na época das cheias, se transformam em um grande lago e a maior parte das cordilheiras fica submersa.
Planície do Pantanal
- Planícies costeiras: entendem-se pelo litoral, desde o Maranhão até o Rio Grande do Sul, em uma faixa de largura variável. Em alguns trechos da Região Sudeste, os planaltos chegam até o mar, formando falésias (costões).
Falésias em Torres - Rio Grande do Sul
- Planície amazônica: ocupa a bacia sedimentar situada entre os planaltos das Guianas (N) e o Brasileiro (S), a Cordilheira dos Andes (O) e o oceano Atlântico (NE). Seus terrenos são sedimentares de baixa altitude - planícies somente ao longo dos rios e baixos platôs com altitudes de até 200 metros. Divide-se em três partes: igapó (áreas ao longo dos rios, inundadas boa parte do ano); várzeas (terraços mais altos, inundáveis nas cheias); terras firmes (terrenos mais antigos, do Período Terciário, e elevados, fora do alcance das cheias).
Planície Amazônica
Localização geográfica planaltos e planícies - elaborada pelo professor do departamento
de geografia da Universidade de São Paulo (USP), Jurandyr Ross
de geografia da Universidade de São Paulo (USP), Jurandyr Ross
O relevo brasileiro (continuação)
Pontos mais altos
Os relevos brasileiros caracterizam-se por baixas altitudes. Isso acontece devido ao Brasil estar situado sobre uma grande placa tectônica que não se choca com outras placas, dando origem aos chamados dobramentos modernos, resultantes do movimento de colisão entre placas, onde uma empurra a outra.
Os pontos mais altos do relevo brasileiro são o Pico da Neblina e o de Pico 31 de Março.
Confira a seguir a lista dos maiores picos brasileiros, assim como sua localização e altitude.
Pico
|
Serra
|
Altitude (m)
|
Neblina
|
Imeri (AM)
|
3.014
|
31 de Março
|
Imeri (AM)
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2.992
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Bandeira
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Caparaó (ES/MG)
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2.890
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Roraima
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Pacaraima (RR)
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2.875
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Cruzeiro
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Caparaó (ES)
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2.861
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Rochas e minerais
Mineral
Mineral é um elemento ou composto químico natural resultante de processos inorgânicos encontrados na crosta terrestre.
Com exceção do mercúrio e da água, todos os outros minerais encontram-se em estado sólido. Quanto a sua estrutura, destacam-se a clivagem, a fratura e a dureza.
A clivagem é a característica que os minerais possuem de se quebrar ou dividir em planos definidos.
A fratura é a característica que muitos minerais possuem de se romperem de forma irregular, deixando superfícies ásperas.
A dureza separa os minerais quanto à densidade molecular. Os minerais mais duros riscam os menos duros.
Cristal de quartzo
Cristal de pirita
Classificação dos minerais
Minerais metálicos
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Minerais não metálicos
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Abundantes (ferro, manganês, alumínio, etc.)
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De usos químicos, fertilizantes e especiais (fosfatos, nitratos, enxofre, cloreto de sódio, etc.)
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Escassos (ouro, prata, chumbo, zinco, etc.)
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Materiais de construção (cimento) e água.
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