1) Há determinados nomes próprios que sempre se apresentam na forma plural: Alpes, Andes, Estados Unidos, Lusíadas, Sertões, Vassouras.
2) Tais substantivos trazem problemas de concordância verbal, e três observações podem ser formuladas a seu respeito.
3) Por primeiro, se um nome desses vem precedido de artigo, o verbo concorda com esse artigo. Ex.: "Os Estados Unidos invadiram o Iraque".
4) Se, porém, o nome não é precedido de artigo, o verbo fica no singular. Ex.: "Vassouras homenageou aquele desembargador".
5) Para o último caso, de Júlio Nogueira é a lição de que, "se o nome geográfico é do plural, mas só se pode usar sem artigo, a concordância deve ser no singular: Campos produz muito açúcar, Minas é abundante em minérios, Campinas tem muitas andorinhas etc.".
6) Assim sintetizam José de Nicola e Ernani Terra a questão do plural de nomes dessa natureza, rol esse em que tais autores incluem até mesmo nomes comuns: "Quando o sujeito é um nome que só se usa no plural (Estados Unidos, Alagoas, Minas Gerais, Patos, Campinas, férias, pêsames etc.) e não vem precedido de artigo, o verbo fica no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo". Exs.: a) "Alagoas possui lindas praias"; b) "As Alagoas possuem lindas praias"; c) "Férias faz bem"; d) "As férias fazem bem"; e) "Pêsames não traz conforto"; f) "Os pêsames não trazem conforto"; g) "Os Estados Unidos enviaram poderoso reforço"; h) "O Amazonas fica longe".
7) Por fim, se o nome plural é título de obra, optativa é a concordância, de modo que pode o verbo ficar no singular ou ir para o plural. Ex.: a) "Os Sertões faz parte de nosso melhor acervo cultural" (correto); b) "Os Sertões fazem parte de nosso melhor acervo cultural" (correto).
8) Em mesmo sentido, vale lembrar a doutrina de João Ribeiro: "Os nomes, habitualmente do plural, que indicam unidade de tal modo que não são acompanhados de artigo, exigem a concordância no singular. Notem-se os exemplos: 'Buenos Aires é a mais bela cidade da América'; 'Montes Claros fica na planície". E manda tal gramático comparar a concordância com a dos nomes que trazem o artigo: 'Os Alpes ficam na Suíça'; 'Os Estados Unidos fizeram guerra à Espanha'.
9) E, em justificativa, complementa tal autor em outra passagem: "Os nomes geográficos do plural, quando significam uma unidade, rio, cabo, monte ou povoação, figuram como no singular: 'Campos é próximo do Rio'; 'Buenos Aires está na embocadura do Prata'; 'O fértil Amazonas'".
10) Ao depois, acrescenta tal gramático: "Há exceção quando os nomes exprimem coletividade de montanhas, países, e são, por isso, precedidos do artigo: 'Os Estados Unidos de novo fizeram a paz'; 'Os Andes de sul a norte marginam o litoral do Oceano Pacifico'; 'Os Alpes nevam'".
11) Para resumir a Gramática, em tais casos, de oportuna lembrança a lição de Aires da Mata Machado Filho: "A boa norma é pôr o verbo no singular quando o topônimo no plural dispensa o artigo (Campos, Dores do Indaiá), e levá-lo para o plural quando o artigo seja empregado (Os Estados Unidos)".
12) E, quanto a nomes como Estados Unidos, atente-se ao ensino adicional de Vitório Bergo: "não procede a alegação de que o nome, embora no plural, se refere a um só país, pois esse país é constituído de diversos estados, e a idéia de pluralidade se reflete no articular os. Por este, pois, se pode regular a concordância: Campos progrediu, Campinas cresceu, o Amazonas é grande, os Andes se estendem, os Estados Unidos entraram em guerra".
13) E Luiz Antônio Sacconi, opondo-se aos que, especificamente nesse caso, defendem a possibilidade de concordância no singular sob o argumento de que os Estados Unidos seriam um só país, justifica que "tal alegação não procede, porque a idéia de pluralidade está claramente refletida no artigo os. Ademais, não se deve levar em conta o que o termo possa eventualmente sugerir, porquanto, assim fosse, teríamos uma verdadeira barafunda na língua. A lógica da gramática não é a mesma lógica da matemática. Ainda que, segundo a matemática, Estados Unidos sejam dois, três, quatro estados etc., concordância verbal não se faz com a ideia, exceto nos casos de silepse", até porque se poderia dizer: "A guaraná está gelada" (por se tratar de uma bebida), ou "Luís é boa" (por se tratar de uma pessoa), ou "Isilda é sério" (por se tratar de um indivíduo).
14) Apenas para registro, transcreve-se o posicionamento minoritário, que, pelas razões expostas, não merece ser seguido, de Júlio Nogueira: "a denominação de países, livros etc. dada no plural não obriga o verbo ao plural: '... os Estados Unidos são (ou é) um grande país'".
2) Tais substantivos trazem problemas de concordância verbal, e três observações podem ser formuladas a seu respeito.
3) Por primeiro, se um nome desses vem precedido de artigo, o verbo concorda com esse artigo. Ex.: "Os Estados Unidos invadiram o Iraque".
4) Se, porém, o nome não é precedido de artigo, o verbo fica no singular. Ex.: "Vassouras homenageou aquele desembargador".
5) Para o último caso, de Júlio Nogueira é a lição de que, "se o nome geográfico é do plural, mas só se pode usar sem artigo, a concordância deve ser no singular: Campos produz muito açúcar, Minas é abundante em minérios, Campinas tem muitas andorinhas etc.".
6) Assim sintetizam José de Nicola e Ernani Terra a questão do plural de nomes dessa natureza, rol esse em que tais autores incluem até mesmo nomes comuns: "Quando o sujeito é um nome que só se usa no plural (Estados Unidos, Alagoas, Minas Gerais, Patos, Campinas, férias, pêsames etc.) e não vem precedido de artigo, o verbo fica no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo". Exs.: a) "Alagoas possui lindas praias"; b) "As Alagoas possuem lindas praias"; c) "Férias faz bem"; d) "As férias fazem bem"; e) "Pêsames não traz conforto"; f) "Os pêsames não trazem conforto"; g) "Os Estados Unidos enviaram poderoso reforço"; h) "O Amazonas fica longe".
7) Por fim, se o nome plural é título de obra, optativa é a concordância, de modo que pode o verbo ficar no singular ou ir para o plural. Ex.: a) "Os Sertões faz parte de nosso melhor acervo cultural" (correto); b) "Os Sertões fazem parte de nosso melhor acervo cultural" (correto).
8) Em mesmo sentido, vale lembrar a doutrina de João Ribeiro: "Os nomes, habitualmente do plural, que indicam unidade de tal modo que não são acompanhados de artigo, exigem a concordância no singular. Notem-se os exemplos: 'Buenos Aires é a mais bela cidade da América'; 'Montes Claros fica na planície". E manda tal gramático comparar a concordância com a dos nomes que trazem o artigo: 'Os Alpes ficam na Suíça'; 'Os Estados Unidos fizeram guerra à Espanha'.
9) E, em justificativa, complementa tal autor em outra passagem: "Os nomes geográficos do plural, quando significam uma unidade, rio, cabo, monte ou povoação, figuram como no singular: 'Campos é próximo do Rio'; 'Buenos Aires está na embocadura do Prata'; 'O fértil Amazonas'".
10) Ao depois, acrescenta tal gramático: "Há exceção quando os nomes exprimem coletividade de montanhas, países, e são, por isso, precedidos do artigo: 'Os Estados Unidos de novo fizeram a paz'; 'Os Andes de sul a norte marginam o litoral do Oceano Pacifico'; 'Os Alpes nevam'".
11) Para resumir a Gramática, em tais casos, de oportuna lembrança a lição de Aires da Mata Machado Filho: "A boa norma é pôr o verbo no singular quando o topônimo no plural dispensa o artigo (Campos, Dores do Indaiá), e levá-lo para o plural quando o artigo seja empregado (Os Estados Unidos)".
12) E, quanto a nomes como Estados Unidos, atente-se ao ensino adicional de Vitório Bergo: "não procede a alegação de que o nome, embora no plural, se refere a um só país, pois esse país é constituído de diversos estados, e a idéia de pluralidade se reflete no articular os. Por este, pois, se pode regular a concordância: Campos progrediu, Campinas cresceu, o Amazonas é grande, os Andes se estendem, os Estados Unidos entraram em guerra".
13) E Luiz Antônio Sacconi, opondo-se aos que, especificamente nesse caso, defendem a possibilidade de concordância no singular sob o argumento de que os Estados Unidos seriam um só país, justifica que "tal alegação não procede, porque a idéia de pluralidade está claramente refletida no artigo os. Ademais, não se deve levar em conta o que o termo possa eventualmente sugerir, porquanto, assim fosse, teríamos uma verdadeira barafunda na língua. A lógica da gramática não é a mesma lógica da matemática. Ainda que, segundo a matemática, Estados Unidos sejam dois, três, quatro estados etc., concordância verbal não se faz com a ideia, exceto nos casos de silepse", até porque se poderia dizer: "A guaraná está gelada" (por se tratar de uma bebida), ou "Luís é boa" (por se tratar de uma pessoa), ou "Isilda é sério" (por se tratar de um indivíduo).
14) Apenas para registro, transcreve-se o posicionamento minoritário, que, pelas razões expostas, não merece ser seguido, de Júlio Nogueira: "a denominação de países, livros etc. dada no plural não obriga o verbo ao plural: '... os Estados Unidos são (ou é) um grande país'".
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