O leitor Conrado de Paulo envia a seguinte mensagem para a seção Gramatigalhas:
"Caro Prof. José Maria: na frase 'Como argui bem, não', a arguição foi de quem? Minha, ou de uma terceira pessoa? O verbo está no tempo presente, ou no tempo passado? Deixando o contexto de lado..."
Envie sua dúvida
1) Um leitor parte da seguinte frase: "Como argui bem, não?" E aduz que, com a eliminação do trema e do acento que direcionavam determinados aspectos da conjugação desse verbo, levada a efeito pelo Acordo Ortográfico de 2008, não mais se sabe de quem foi a arguição: a) se minha no passado, b) ou de terceira pessoa no presente. E pergunta como resolver, sem que se precise recorrer ao contexto.
2) Ora, quanto à pronúncia e à grafia desse verbo, um primeiro ponto precisa ser observado: o u soa em todas as formas, seja átona ou tônica a referida vogal.
3) Também um segundo aspecto carece de realce: o trema, que era empregado sobre o u, quando átono, foi abolido pelo Acordo Ortográfico de 2008 (arguimos, arguistes e arguiram, e não mais argüimos, argüistes, argüiram).
4) Por fim, um terceiro item exige anotação específica: o acento agudo, que era usado nas formas rizotônicas seguidas de e ou de i, também foi abolido pelo mesmo acordo (arguis, argui e arguem, e não mais argúis, argúi e argúem). A conjugação segue a mesma do verbo influir: influis, influi, influem, influimos, influistes, influiram. Por ele se conjuga o verbo redarguir: redarguis, redargui, redarguem, redarguimos, redarguistes, redarguiram.
5) Com isso se confirma a base de onde partiu o leitor para sua dúvida, no que concerne à existência de pronúncias e tempos diversos, mas de forma gráfica idêntica: a) "Como eu argui (üí) bem no debate que ontem tivemos!"; b) "Como ele argui (úi) bem nos debates de que agora participa!"
6) E, assim, forçoso é dar-lhe inteira razão: quando se diz Como argui bem, não?, não se sabe se: a) eu debati ontem, b) ou se ele está debatendo agora. Na dúvida, conjugue influir.
7) É que, com a eliminação do trema no primeiro caso (argüi) e do acento agudo no segundo (argúi), o Acordo Ortográfico acabou por criar uma possibilidade de confusão, já que duas pronúncias diferentes e tempos diversos de um mesmo verbo acabam por corresponder a uma só e mesma escrita.
8) A solução, assim, será verificar a existência de outras palavras ou elementos indicadores no contexto, pelos quais se possa identificar em que tempo e pessoa está o verbo. E, se o contexto não ajudar, ou o leitor não quiser valer-se do contexto, não há como realmente saber.
"Caro Prof. José Maria: na frase 'Como argui bem, não', a arguição foi de quem? Minha, ou de uma terceira pessoa? O verbo está no tempo presente, ou no tempo passado? Deixando o contexto de lado..."
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1) Um leitor parte da seguinte frase: "Como argui bem, não?" E aduz que, com a eliminação do trema e do acento que direcionavam determinados aspectos da conjugação desse verbo, levada a efeito pelo Acordo Ortográfico de 2008, não mais se sabe de quem foi a arguição: a) se minha no passado, b) ou de terceira pessoa no presente. E pergunta como resolver, sem que se precise recorrer ao contexto.
2) Ora, quanto à pronúncia e à grafia desse verbo, um primeiro ponto precisa ser observado: o u soa em todas as formas, seja átona ou tônica a referida vogal.
3) Também um segundo aspecto carece de realce: o trema, que era empregado sobre o u, quando átono, foi abolido pelo Acordo Ortográfico de 2008 (arguimos, arguistes e arguiram, e não mais argüimos, argüistes, argüiram).
4) Por fim, um terceiro item exige anotação específica: o acento agudo, que era usado nas formas rizotônicas seguidas de e ou de i, também foi abolido pelo mesmo acordo (arguis, argui e arguem, e não mais argúis, argúi e argúem). A conjugação segue a mesma do verbo influir: influis, influi, influem, influimos, influistes, influiram. Por ele se conjuga o verbo redarguir: redarguis, redargui, redarguem, redarguimos, redarguistes, redarguiram.
5) Com isso se confirma a base de onde partiu o leitor para sua dúvida, no que concerne à existência de pronúncias e tempos diversos, mas de forma gráfica idêntica: a) "Como eu argui (üí) bem no debate que ontem tivemos!"; b) "Como ele argui (úi) bem nos debates de que agora participa!"
6) E, assim, forçoso é dar-lhe inteira razão: quando se diz Como argui bem, não?, não se sabe se: a) eu debati ontem, b) ou se ele está debatendo agora. Na dúvida, conjugue influir.
7) É que, com a eliminação do trema no primeiro caso (argüi) e do acento agudo no segundo (argúi), o Acordo Ortográfico acabou por criar uma possibilidade de confusão, já que duas pronúncias diferentes e tempos diversos de um mesmo verbo acabam por corresponder a uma só e mesma escrita.
8) A solução, assim, será verificar a existência de outras palavras ou elementos indicadores no contexto, pelos quais se possa identificar em que tempo e pessoa está o verbo. E, se o contexto não ajudar, ou o leitor não quiser valer-se do contexto, não há como realmente saber.
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