1) Uma leitora quer saber se é correta a expressãoque nem em uma frase como a seguinte: João fala inglês que nem um nativo.
2) Para melhor situar a pergunta, observa-se que o circunlóquio que nem está em lugar de como e introduz uma oração subordinada adverbial comparativa. Com a mencionada pergunta, então, quer-se saber se que nem pode ser uma conjunção (mais tecnicamente, uma locução conjuntiva) com valor comparativo.
3) Diga-se desde logo que os gramáticos, de um modo geral, não se sabe se por mero esquecimento ou se por rejeição não declarada, evitam listar que nem entre as conjunções ou locuções conjuntivas comparativas.
4) Atestando-lhe, porém, a existência ao longo dos tempos no vernáculo, Napoleão Mendes de Almeida registra aspectos interessantes:
I) Anota que não vemos seu emprego em autores renomados.
II) Traz, todavia, um exemplo do insuspeito Rebelo da Silva ("O erudito fez-se vermelho que nem uma romã");
III) Observa, por fim, que Eduardo Carlos Pereira registra tal locução em sua obra de gramática.1
5) Domingos Paschoal Cegalla, por sua vez, a tem como "expressão popular, equivalente à conjunção comparativa como". E exemplifica:
I) "Ele é que nem o avô: alto e magro";
II) "Trepava nas árvores que nem macaco novo";
III) "Sua tez era que nem pétalas de rosa";
IV) "Entrou na sala que nem vento impetuoso".2
6) Respondendo a um consulente, que lhe indagava se tal expressão é "grosso caipirismo", quando usada numa comparação, Silveira Bueno afiançava ser "bom português" e realçava que podia ser encontrada em bons autores.3
7) Enfrentando diretamente a questão para a leitora e tendo em mente que se está diante de seu emprego por autores e gramáticos do porte daqueles aqui mencionados, pode-se afirmar que, no mínimo, o que há aqui é uma divergência entre os estudiosos, e, nessa condição, sempre vigora importante princípio a determinar que, na dúvida, concede-se liberdade ao usuário para escolher entre as posições ("in dubio, pro libertate").
Luiz Antônio Sacconi só admite o uso dessa expressão quando há ideia de consequência: Essa mulher é perigosa que nem uma cobra! Esse jogador é liso que nem quiabo!, sendo possível o subentendimento: Essa mulher é perigosa que nem mesmo cobra é tão perigosa! Esse jogador é liso que nem mesmo quiabo é tão liso!
2) Para melhor situar a pergunta, observa-se que o circunlóquio que nem está em lugar de como e introduz uma oração subordinada adverbial comparativa. Com a mencionada pergunta, então, quer-se saber se que nem pode ser uma conjunção (mais tecnicamente, uma locução conjuntiva) com valor comparativo.
3) Diga-se desde logo que os gramáticos, de um modo geral, não se sabe se por mero esquecimento ou se por rejeição não declarada, evitam listar que nem entre as conjunções ou locuções conjuntivas comparativas.
4) Atestando-lhe, porém, a existência ao longo dos tempos no vernáculo, Napoleão Mendes de Almeida registra aspectos interessantes:
I) Anota que não vemos seu emprego em autores renomados.
II) Traz, todavia, um exemplo do insuspeito Rebelo da Silva ("O erudito fez-se vermelho que nem uma romã");
III) Observa, por fim, que Eduardo Carlos Pereira registra tal locução em sua obra de gramática.1
5) Domingos Paschoal Cegalla, por sua vez, a tem como "expressão popular, equivalente à conjunção comparativa como". E exemplifica:
I) "Ele é que nem o avô: alto e magro";
II) "Trepava nas árvores que nem macaco novo";
III) "Sua tez era que nem pétalas de rosa";
IV) "Entrou na sala que nem vento impetuoso".2
6) Respondendo a um consulente, que lhe indagava se tal expressão é "grosso caipirismo", quando usada numa comparação, Silveira Bueno afiançava ser "bom português" e realçava que podia ser encontrada em bons autores.3
7) Enfrentando diretamente a questão para a leitora e tendo em mente que se está diante de seu emprego por autores e gramáticos do porte daqueles aqui mencionados, pode-se afirmar que, no mínimo, o que há aqui é uma divergência entre os estudiosos, e, nessa condição, sempre vigora importante princípio a determinar que, na dúvida, concede-se liberdade ao usuário para escolher entre as posições ("in dubio, pro libertate").
Luiz Antônio Sacconi só admite o uso dessa expressão quando há ideia de consequência: Essa mulher é perigosa que nem uma cobra! Esse jogador é liso que nem quiabo!, sendo possível o subentendimento: Essa mulher é perigosa que nem mesmo cobra é tão perigosa! Esse jogador é liso que nem mesmo quiabo é tão liso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Commented