Religião - Paraíba: Domingo, 23 de fevereiro de 2020 / N1
Carnaval: celebração ou esquecimento da vida?
O Papa Francisco nos lembra que a alegria é sinal de um cristianismo autêntico
As críticas ao carnaval são relativamente comuns e bem conhecidas na comunidade católica. Os aspectos mais sublinhados são a erotização dos comportamentos, os corpos quase nus, o clima de irresponsabilidade, a festa que parece cancelar todo o resto da vida. Um momento de dissolução dos costumes, destruição da família e do mundo do trabalho, negação dos valores morais. De fato, todas estas críticas têm sua razão de ser, mas parecem pouco efetivas em termos de mudanças de comportamentos ou mesmo de ajuda às pessoas que “se afundam” na festa.
O que fazemos com o resto do tempo…
Há pouco tempo, um estudante universitário disse a uma colega católica que achava muito legal ela ter amigos como os jovens do grupo cristão, com suas reflexões e trabalhos voluntários junto aos mais pobres… Mas ele não conseguiria viver sem suas festas, sem tomar suas bebedeiras e transar quando quisesse – por isso não se aproximava da Igreja. A jovem respondeu que o entendia, mas ela mesmo não poderia viver uma vida em que necessitasse de festas, bebedeiras e transas para suportar o resto do tempo. A experiência católica lhe dava razões, esperanças e alegrias para viver todos os dias e todos os momentos – sem precisar dessas ocasiões de prazer extremado para aguentar o cotidiano. Ela, procurando entender e ao mesmo tempo apresentar outra visão de mundo ao colega, estava muito perto da ferida real do carnaval.
O cotidiano tem sempre um aspecto repressivo: fazemos o que precisamos fazer – e não o que gostaríamos de fazer. Somos constrangidos a situações e comportamentos que podemos até entender e reconhecer como necessários – mas que nem por isso nos dão prazer. Identificamos o tempo festivo como uma ocasião em que podemos nos livrar das repressões da vida em sociedade, liberar o corpo e a mente, aproveitar as coisas que nos dão prazer.
Por mais que pareça oposta, a festa é uma continuação do cotidiano. O que fazemos neste tempo depende do que fazemos nos outros momentos da vida. Queremos celebrar a vida cotidiana, que reconhecemos com um bem, apesar das dificuldades, ou nos esquecer dela, pois é um campo de stress e desilusão, não importa quanto sucesso tenhamos alcançado?
…. dá o sentido com que vivemos a festa
Quando existe uma vida a ser celebrada, a festa é um momento de luz e alegria que consagra o passado e prepara o futuro. Quando a vida deve ser esquecida (ou, coisa ainda pior, já é vivida no total esquecimento), a festa se torna uma explosão de energia que tenta apagar o inapagável, um prazer que oculta o passado e ilude quanto ao futuro.
Festas como o carnaval, que celebram o prazer e a sensualidade, sempre existiram. Aliás, toda grande festa costuma ter um momento mais próximo ao carnaval. Entre nós, brasileiros, é bem comum que casamentos e formaturas terminem como bailes de carnaval, sem obrigatoriamente perder com isso seu sentido original. O problema não está no que fazemos naqueles dias, e sim no que fazemos no resto de nossas vidas. Quem vive bem toda a vida, não precisa de um carnaval de excessos para se divertir. Mas quem vive uma vida triste, sem sabor ou beleza, precisa desesperadamente de momentos de ruptura, que aliviem a pressão e deem um alívio para um existir aparentemente sem razão de ser, de excessos que façam esquecer todo o resto… Ou precisa criticar duramente a quem se diverte no carnaval, para não perceber que vive o mesmo drama cotidiano que o outro.
Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho) o Papa Francisco nos lembra que a alegria é sinal de um cristianismo autêntico. Essa santa alegria é o questionamento mais eficaz aos excessos do carnaval. Como a Igreja seria diferente se todos nós a vivêssemos como a Grande Festa do encontro com Cristo, que – como um bloco carnavalesco – carrega as pessoas pela vida, levando todo o povo a celebrar a beleza e o amor encontrados, ao invés de procurar esquecer tribulações vividas sem sentido.
N2
Afinal, católico pode ou não pode participar do carnaval?
Carnaval: celebração ou esquecimento da vida?
O Papa Francisco nos lembra que a alegria é sinal de um cristianismo autêntico
As críticas ao carnaval são relativamente comuns e bem conhecidas na comunidade católica. Os aspectos mais sublinhados são a erotização dos comportamentos, os corpos quase nus, o clima de irresponsabilidade, a festa que parece cancelar todo o resto da vida. Um momento de dissolução dos costumes, destruição da família e do mundo do trabalho, negação dos valores morais. De fato, todas estas críticas têm sua razão de ser, mas parecem pouco efetivas em termos de mudanças de comportamentos ou mesmo de ajuda às pessoas que “se afundam” na festa.
O que fazemos com o resto do tempo…
Há pouco tempo, um estudante universitário disse a uma colega católica que achava muito legal ela ter amigos como os jovens do grupo cristão, com suas reflexões e trabalhos voluntários junto aos mais pobres… Mas ele não conseguiria viver sem suas festas, sem tomar suas bebedeiras e transar quando quisesse – por isso não se aproximava da Igreja. A jovem respondeu que o entendia, mas ela mesmo não poderia viver uma vida em que necessitasse de festas, bebedeiras e transas para suportar o resto do tempo. A experiência católica lhe dava razões, esperanças e alegrias para viver todos os dias e todos os momentos – sem precisar dessas ocasiões de prazer extremado para aguentar o cotidiano. Ela, procurando entender e ao mesmo tempo apresentar outra visão de mundo ao colega, estava muito perto da ferida real do carnaval.
O cotidiano tem sempre um aspecto repressivo: fazemos o que precisamos fazer – e não o que gostaríamos de fazer. Somos constrangidos a situações e comportamentos que podemos até entender e reconhecer como necessários – mas que nem por isso nos dão prazer. Identificamos o tempo festivo como uma ocasião em que podemos nos livrar das repressões da vida em sociedade, liberar o corpo e a mente, aproveitar as coisas que nos dão prazer.
Por mais que pareça oposta, a festa é uma continuação do cotidiano. O que fazemos neste tempo depende do que fazemos nos outros momentos da vida. Queremos celebrar a vida cotidiana, que reconhecemos com um bem, apesar das dificuldades, ou nos esquecer dela, pois é um campo de stress e desilusão, não importa quanto sucesso tenhamos alcançado?
…. dá o sentido com que vivemos a festa
Quando existe uma vida a ser celebrada, a festa é um momento de luz e alegria que consagra o passado e prepara o futuro. Quando a vida deve ser esquecida (ou, coisa ainda pior, já é vivida no total esquecimento), a festa se torna uma explosão de energia que tenta apagar o inapagável, um prazer que oculta o passado e ilude quanto ao futuro.
Festas como o carnaval, que celebram o prazer e a sensualidade, sempre existiram. Aliás, toda grande festa costuma ter um momento mais próximo ao carnaval. Entre nós, brasileiros, é bem comum que casamentos e formaturas terminem como bailes de carnaval, sem obrigatoriamente perder com isso seu sentido original. O problema não está no que fazemos naqueles dias, e sim no que fazemos no resto de nossas vidas. Quem vive bem toda a vida, não precisa de um carnaval de excessos para se divertir. Mas quem vive uma vida triste, sem sabor ou beleza, precisa desesperadamente de momentos de ruptura, que aliviem a pressão e deem um alívio para um existir aparentemente sem razão de ser, de excessos que façam esquecer todo o resto… Ou precisa criticar duramente a quem se diverte no carnaval, para não perceber que vive o mesmo drama cotidiano que o outro.
Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho) o Papa Francisco nos lembra que a alegria é sinal de um cristianismo autêntico. Essa santa alegria é o questionamento mais eficaz aos excessos do carnaval. Como a Igreja seria diferente se todos nós a vivêssemos como a Grande Festa do encontro com Cristo, que – como um bloco carnavalesco – carrega as pessoas pela vida, levando todo o povo a celebrar a beleza e o amor encontrados, ao invés de procurar esquecer tribulações vividas sem sentido.
N2
Afinal, católico pode ou não pode participar do carnaval?
A resposta começa com algumas perguntas bem objetivas
Aagência católica ACI Digital publicou matéria baseada nos comentários de André Parreira, do Instituto Nacional da Pastoral Familiar e da Família, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sobre até que ponto um católico pode participar das festas ligadas ao carnaval.
Segundo o escritor:
“A resposta pode começar com outra pergunta: alguém poderia dizer que os blocos, desfiles e bailes de Carnaval não são ambientes propícios ao pecado, com tanto álcool, nudez e erotização? As modas das mini-roupas (as bermudinhas viraram o traje oficial!) e fantasias minúsculas ou de caráter sexual refletem o pudor daqueles que tem consciência de que são templo do Espírito Santo? Até mesmo as marchinhas já são um risco, pois, embora muitas sejam interessantes e divertidas, boa quantidade delas carrega grande erotização”.
O próprio Parreira conta que já participou do carnaval, mas deixou até mesmo de acompanhá-lo pela televisão:
“Esta (anti)cultura não será transmitida por minha esposa e por mim aos nossos filhos. Aqui em casa não entram nem as músicas de carnaval. Não é questão de gostar ou não, nem mesmo se trata de alienação, mas é questão de acertar a nossa caminhada para os caminhos que se afeiçoam mais com o Senhor. Sei que vou desagradar a muita gente católica que tem paixão pelo carnaval, espera ansiosamente pela data e dispara contra qualquer um que queira levantar a questão”.
Ele cita então a perspectiva de alguns santos:
Santo Afonso Maria de Ligório: “diz que a fuga das ocasiões de pecado é grande dever em nosso caminho de crescimento espiritual”;
Santa Faustina: “relata o sofrimento do coração de Jesus nos dias de carnaval”;
São João Maria Vianney: “dizia que o anjo da guarda ficava do lado de fora dos salões de baile e que algumas danças são a corda com que o demônio arrasta mais almas para o inferno”;
São Carlos Borromeu: “jamais podia compreender como os cristãos podiam conservar este perniciosíssimo costume do paganismo”.
Parreira evoca ainda uma reflexão de dom Henrique Soares, bispo de Palmares, PE:
“Devemos, então, rejeitar em bloco o carnaval atual? A resposta pronta não existe! Se um cristão julga poder brincar o carnavalzão do mundo sem cometer excessos, sem dar azo à imoralidade, sem a dispersão interior violenta que nos tira da presença de Deus e da realidade, então brinque em paz! Eu duvido muito que isto seja possível, mas é preciso respeitar a consciência de cada um! Que os cristãos deem preferência a brincar o carnaval em grupos de cristãos, de modo puro, sereno, inocente, fraterno, com toda alegria que nasce de um coração que sabe o sentido verdadeiro da existência”.
Para encerrar, André Parreira considera que a resposta de cada católico sobre participar ou não do carnaval é individual:
“A liberdade é um presente que Deus nunca vai nos tirar”.
E a liberdade consiste justamente em escolher, à luz da própria consciência.
N3
Os benefícios do jejum e da abstinência de carne para a saúde
A recomendação quaresmal da Igreja é realmente saudável?
Na Quaresma, a Igreja recomenda que jejuemos na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, além de evitar comer carne toda sexta-feira. Mas essa recomendação é realmente benéfica para a saúde?
Para começar, falamos sobre dois termos diferentes: jejum e abstinência.
Os benefícios do jejum
Lembre-se de que o jejum recomendado pela Igreja é realizar apenas refeições frugais, para pessoas saudáveis com mais de 18 anos e menos de 60 anos, e apenas nesses dois dias.
No entanto, existem fiéis que optam por um jejum radical que consiste em beber apenas água ou, no máximo, comer um pouco de pão, como forma de expressar sua religiosidade. Essa prática mais radical tem uma tradição antiga e está presente em quase todas as religiões.
Moisés e Jesus jejuaram por 40 dias, o Ramadã muçulmano evita comer qualquer coisa durante o dia por 30 dias. Mahatma Gandhi praticava jejum regularmente, para alguns exemplos.
Do ponto de vista médico, considera-se que jejuamos quando ingerimos menos de 300 calorias por dia e nos alimentamos apenas de líquidos.
Quando fazemos um jejum prolongado ou intermitente, voluntário e controlado, o corpo começa a consumir as suas reservas, o que pode ser uma prática muito saudável se for feita com bom senso, prudência e orientação médica.
Na maioria das sociedades ocidentais, comemos mais do que nosso corpo realmente precisa e isso produz não apenas obesidade, mas também uma sobrecarga de trabalho para nosso corpo. Quando nosso corpo não trabalha para digerir, ele se dedica à “limpeza” e isso é bom porque:
Elimina toxinas
Melhora o equilíbrio corporal
Ajuda a baixar o colesterol
Ajuda o sistema imunológico
Existem estudos que comprovam que o jejum pode ser bom para dores crônicas e doenças reumatológicas e inflamatórias.
Mas se as reservas acabarem, o corpo se desequilibra e isso começa a afetar alguns órgãos, como o fígado e os rins. É por isso que, se optarmos por um jejum radical por muitos dias, primeiro devemos ter certeza de que estamos saudáveis para isso, e depois ouvir o nosso corpo e começar a comer quando começarmos a sentir náuseas, dor de cabeça ou irritabilidade.
Os benefícios da retirada de carne
Lembre-se de que a Igreja recomenda apenas abster-se de carne às sextas-feiras durante a Quaresma, e nas sextas-feiras do resto do ano pode-se substituir essa abstinência por uma obra de piedade ou caridade.
No ano passado, a Organização Mundial da Saúde emitiu um relatório aconselhando a reduzir o consumo de carne vermelha como medida de prevenção do câncer colorretal. Este é o último de muitos relatórios e estudos que mostram que comer carne vermelha em excesso é prejudicial ao coração e à saúde.
No entanto, a carne fornece muitos nutrientes, como proteínas, ferro, vitaminas A e B, zinco e ácidos graxos essenciais. Por esse motivo, se decidirmos mudar para o vegetarianismo e parar de comer carne durante a Quaresma, devemos fazê-lo sob o acompanhamento de um bom nutricionista, que irá nos ensinar as porções e substituições adequadas.
O fato é que, nas sociedades ocidentais, costumamos comer carne em excesso, principalmente vermelha e processada, o que afeta substancialmente a formação de colesterol. Portanto, eliminar a carne de nossa dieta uma vez por semana, substituindo-a por proteínas de vegetais ou peixes, certamente trará benefícios para nossa saúde.
N4
5 razões para fazer jejum de bebida alcóolica na Quaresma
40 dias que podem ser transformadores para você!
Na Quaresma, não devemos fazer sacrifícios apenas por fazer; as nossas penitências devem ter um sentido. Por exemplo: se você desiste do chocolate, mas nunca o come porque é alérgico, que tipo de sacrifício é esse?
Nossas penitências quaresmais devem ser verdadeiras. Nós devemos experimentá-las; é esse reconhecimento e redirecionamento do desejo que transforma uma penitência em verdadeiro sacrifício quaresmal.
Se você gosta muito de bebida alcóolica, que tal abster-se dela nos próximos 40 dias? Aqui estão cinco razões para fazer isso:
1
SACRIFÍCIO REAL
O álcool, por si só, deve ser uma coisa neutra na vida cristã. Tanto o vinho quanto a cerveja têm um lugar nobre em nossa tradição católica. Cristo providenciou vinho para o banquete de casamento. Monges cultivaram algumas das melhores técnicas de fabricação de cerveja do mundo. Esta é precisamente a razão pela qual o sacrifício de álcool é meritório. O Venerável Matt Talbot, um alcoólatra que milagrosamente recebeu a graça da sobriedade, escreve: “A vida espiritual consiste em duas coisas: mortificação e amor de Deus”. Renunciar a um bem em nossas vidas pode abrir espaço para coisas mais elevadas.
Mas o que eu digo aos meus amigos? Uma das razões pelas quais as pessoas evitam esse ou aquele sacrifício específico é porque não querem chamar a atenção para a penitência quaresmal. Afinal, o Evangelho nos exorta a realizar nossos jejuns em segredo, assegurando-nos que nosso Pai, que vê em segredo, nos recompensará. Mas pode ser encorajador quando um amigo empreende e compartilha algo difícil. De fato, é melhor conseguir alguém para acompanhá-lo.
2
CLAREZA DA MENTE
O avanço na vida espiritual pode ser dificultado pelo álcool. O álcool é uma dessas maneiras fáceis de entorpecer nossa solidão, exaustão ou desilusão. É mais fácil tomar uma bebida do que enfrentar as coisas mais sombrias que espreitam em nossos corações. Mesmo se você estiver longe da dependência, tomando apenas alguns drinques por semana, o álcool convida a uma espécie de sono, um certo tipo de suavidade da mente e do coração. Às vezes, esse relaxamento pode ser uma maneira saudável de aproveitar a vida – certamente é por isso que Jesus operou seu milagre em Caná – mas essa é mais uma razão pela qual vale a pena abster-se dele por 40 dias.
O autoconhecimento é o fundamento da vida espiritual. Santa Catarina de Siena escreve: “Você encontrará humildade no conhecimento de si mesmo quando vir que nem mesmo sua própria existência vem de si mesmo, mas de mim [Jesus], pois eu te amei antes de você existir.” Se estivermos usando outras coisas, como o álcool, como muletas em nossas vidas, não seremos capazes de perceber nossa necessidade de total dependência de Deus.
3
BENEFÍCIOS FÍSICOS
A abstinência do álcool tem sido associada a uma série de benefícios à saúde, entre os quais está a melhor qualidade do sono. A maioria das pessoas desfruta de uma bebida para os efeitos estimulantes iniciais: sentir-se à vontade, poder conversar mais facilmente etc.
Mas o álcool pode gerar ciclos de disfunção. Algumas porções dificultam o funcionamento do corpo na manhã seguinte, levando a um esquecimento, desânimo e até depressão. A abstinência de álcool aumenta a capacidade de fazer escolhas virtuosas no estilo de vida, tornando a perda de peso mais fácil e o sono mais fácil.
4
SOLIDARIEDADE
Ficar sem beber durante os 40 dias da Quaresma convida à solidariedade direta com pessoas que lutam com o vício das drogas e do álcool. Oferecer esse sacrifício em favor dos homens e mulheres que lutam contra o álcool oferece uma abundância de graças a serem trocadas. O Papa Bento XVI diz: “A verdadeira solidariedade – embora comece com um reconhecimento do igual valor do outro – só se realiza quando coloco minha vida a serviço de outras pessoas”.
Privar-me livremente, de bom grado, de um verdadeiro bem, para compartilhar os méritos espirituais desse sacrifício alcança o amor que Jesus exorta no Evangelho: “Não existe amor maior que este, do que dar a vida por um amigo”.
5
AMOR EM AÇÃO
Nossas disciplinas quaresmais nos libertam de nossos apegos desordenados. Essa liberdade não é simplesmente liberdade de, mas também é liberdade para. Não guarde simplesmente o dinheiro que você gastaria com álcool. Doe para a caixa de sua paróquia, para alívio dos necessitados. Afinal, quando os pobres têm as boas novas da misericórdia de Cristo pregadas a eles, é um certo sinal da presença de Cristo.
N5
Dúvidas sobre jejum e abstinência? Esclarecemos aqui em 2 minutos
Qual é a diferença entre jejum e abstinência? Quando são obrigatórios?
São frequentes as dúvidas sobre a diferença entre o jejum e a abstinência que a Igreja nos pede em algumas datas específicas.
Jejum
O jejum consiste no sacrifício de renunciar às refeições normais, limitando-as ao básico. Não é preciso ficar apenas no pão e água: pode-se fazer uma refeição principal (almoço ou jantar) e comer um pouco nas outras duas, desde que as duas juntas não equivalham a uma refeição completa. Esta é a sugestão mais recomendável, segundo a prudência, a quem não está acostumado a jejuar, pois um jejum mais radical pode ser prejudicial à saúde.
Abstinência
Consiste em não comer carne de animais de sangue quente, nem molhos ou sopas à base dessas carnes. Por isso é que o pescado é permitido em sua substituição.
Quando é obrigatório?
O fiel católico é obrigado ao jejum na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa, apenas.
A abstinência também é obrigatória nessas duas datas, mas se estende a TODAS as sextas-feiras do ano, a não ser que elas coincidam com alguma solenidade.
As conferências episcopais, com autorização da Santa Sé, podem estabelecer comutações conforme as diversas realidades locais. No Brasil, é possível substituir a abstinência pela participação na Santa Missa ou pela realização de obras de caridade, ações piedosas e exercícios devocionais, como, por exemplo, a Via Crúcis ou o Santo Terço.
Nos dias em que se preceitua o jejum e/ou a abstinência, o horário a ser respeitado equivale ao dia completo, indo da meia-noite à meia-noite.
Para quem é obrigatório?
O jejum, para todos os fiéis entre 18 e 60 anos. A abstinência, para os fiéis a partir de 14 anos.
Devem-se levar em conta, é claro, as exceções determinadas por motivos sérios de saúde.
Mandamento da Igreja
O jejum e a abstinência compõem o quarto mandamento da Igreja. Esses mandamentos são cinco:
1 – Participar da Missa inteira aos domingos e festas de preceito, dias em que devemos abster-nos do trabalho.
2 – Confessar-se ao menos uma vez por ano.
3 – Comungar ao menos na Páscoa da Ressurreição.
4 – Jejuar e abster-se de carne conforme as determinações da Igreja.
5 – Ajudar a Igreja em suas necessidades.
N6
Por que o Carnaval e a Páscoa não têm data fixa?
O Carnaval antecede à Quaresma. Esta, por sua vez, é a preparação para a Páscoa cristã
Este artigo visa oferecer resposta exata à pergunta acima, dado ser ela causa de dificuldades a não poucos leitores.
Para começo de conversa, devemos nos lembrar de que o Carnaval antecede à Quaresma. Esta, por sua vez, é a preparação para a Páscoa cristã. Pois bem, fazendo o caminho inverso, notamos o seguinte: a data da Páscoa não é calculada pelo calendário solar comum, mas, sim, pelo antigo calendário lunar, conforme prescrito no livro bíblico do Êxodo 12,1-14. Ora, segundo tal calendário, a data da Páscoa é móvel a cada ano, por conseguinte, também não podem ser fixas as datas da Quaresma e do Carnaval. Daí a questão: qual regra determina o Domingo de Páscoa?
Em resposta, dizemos que é preciso observar, antes de tudo, o equinócio da Primavera (momento no qual o sol corta a Linha do Equador tornando os dias iguais às noites). Isso se dá duas vezes no ano: 21 e 22 de março, no hemisfério norte, e 22 e 23 de setembro no hemisfério sul. A nós interessa, é óbvio, só a primeira data, uma vez que as regras para a data da Páscoa foram elaboradas no hemisfério norte. Pois bem, basta tomar uma folhinha comum e nela observar a última lua nova anterior ao equinócio da Primavera. Feito isso, é só contar o tempo entre duas luas novas consecutivas o que dará 29 dias, 12 horas, 40 minutos e dois segundos. O primeiro Domingo após o 14º dia da primeira lua nova posterior ao equinócio da Primavera será a data da Páscoa cristã.
Trazendo para este ano de 2020, temos: em 21 e 22 de março, o equinócio da Primavera. A última lua nova antes dessa data é 23 de fevereiro. As duas luas novas seguintes são 24 de março e 22 de abril. Então, marque o dia 24 de março e acrescente-lhe 14 dias, estaremos em 7 de abril. O domingo posterior será, obrigatoriamente, a Páscoa (12 de abril). Ou, de forma mais prática, o primeiro Domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da Primavera é o Domingo de Páscoa: neste ano, essa lua cheia também cai no dia 7 de abril. Uma coisa, no entanto, é certa: todos os anos, a primeira lua nova antes do equinócio da Primavera ocorre, necessariamente, entre 8 de março e 5 de abril, a Páscoa cristã sempre tem de ser comemorada, então, entre 22 de março e 25 de abril (data mais tardia possível).
Elucidada a data da Páscoa, voltemo-nos à Quaresma e ao Carnaval que a antecedem. Eis o procedimento: uma vez encontrada a data da Páscoa, contem-se seis semanas anteriores ou 42 dias. Desse total de dias, retirem-se os 6 Domingos, dado que neles não se faz jejum ou penitência. Temos, assim, 42-6 = 36. Contudo, como a Quaresma, segundo o próprio nome sugere (cf. Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13), compõe-se de 40 dias acrescentam-se aos 36 dias mais 4 anteriores; ou seja, da quarta-feira, dita de Cinzas, ao sábado. Ora, o Carnaval ocorre, então, nos 4 dias anteriores à quarta-feira de Cinzas.
Sobre o Carnaval, devemos dizer que teve, segundo consta, origem nos festejos agrários do Egito e do Oriente Próximo, por volta de 4000 a.C., com suas marcas próprias: a diversão, mas uma diversão acompanhada da libertinagem sexual e da desordem social. Hoje, em pleno século XXI, as reflexões em torno dessa festa popular parecem centrar-se em dois principais pontos: 1) as graves ofensas a Deus por meio de pecados diversos que não devem ser jamais fomentados, mas, sim, combatidos dentro da lei e da ordem e 2) o gasto de dinheiro público – aliás, já cancelado por alguns prefeitos – que poderia ser canalizado para saúde, moradia, educação, segurança pública etc.
É exatamente por isso que o domingo de Páscoa e o carnaval são datas móveis, ao contrário de outros feriados, fixos, a exemplo do 21 de abril (morte de Tiradentes), 7 de setembro (Independência), 2 de novembro (Finados) ou 15 de novembro (Proclamação da República).
Queiramos refletir!
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